domingo, 7 de fevereiro de 2010

Resíduos



Andando pelo lago vejo um grupo de humanos se divertindo. Em bandos, afirmam sua existência com seus ruídos característicos, interferem na natureza jogando seus resíduos no gramado.
Olho para o lago e vejo duas garrafas de plástico boiando como barcos  à deriva. Mais tarde, vejo alguns humanos brincarem com as mesmas garrafas, como se fosse bolas, jogando para cima, rindo, gritando, vociferando como bestas alienadas. 

Ando mais um pouco, sento perto de uma barraquinha. Ao meu lado se encontrava mais um bando de humanos reunidos, agredindo a paisagem com sua instintiva necessidade de afirmarem sua virilidade, bebendo álcool e comendo cadáveres queimados numa churrasqueira improvisada. Ouviam uma pseudomúsica que falava somente sobre um mesmo assunto: o amor. 


Sim, eles acreditam que aquilo que eles conhecem seja mesmo esse tal de amor.

Saio de perto dos humanos, atravesso a rua e sento no gramado mais distante. Começo a pensar sobre a capacidade dos humanos de consumirem lixo cultural. Entendo o porquê após lembrar das duas garrafas boiando no lago. Uma era azul e a outra verde. Um colorido que nada ornamenta o local, mas que serve para entreter os humanos, que brincavam com o mesmo lixo que eles mesmo depositaram na água, com uma felicidade agressiva.

Definitivamente os humanos são resíduos de uma geração infeliz, que não satisfeitos produzem mais resíduos. E estes mesmos resíduos tornam-se lúdicos aos olhos dos pobres humanos.


- Olha, um jet ski! Que legal! - grita um dos humanos que antes se divertia com as garrafas plásticas.

3 comentários:

MAURO LIMA disse...

Necessidade de auto afirmação
São tão decadentes que nem ao menos se reconhecem como indivíduo, invalidos num mundo sem contexto, sem pensamento nem consciencia.Projetos mau feitos de seres humanos, são o que são quase impossível de reverter esse quadro

Texto perfeito, parece-me ser um tanto quanto "Bioético", se é que assim posso afirmar, mas muito mais subjetivo.

Meu, curti muito seu texto

Você é fera demais

Bj

visita lá minhas maluquices
hehe

Rívia Petermann disse...

Ooi
Ótimo texto,adorei.

Esses humanos descritos;vejo muito deles.
Se sentem auspiciosos com a felicidade medíocre que produzem com tanta alienação e modismo que acabam se consumindo.Podem se julgar felizes,mas,para mim,são como feras,idolatrando objetivos agressivos.E como se não bastasse,acabam agredindo com sua ferocidade.Lucidez em ralação ao mundo é rara quando se trata de uma geração ignorante,e creio aue acabaremos consentindo.

Adorei o blog,mesmo.

P.S.Virei seguidora,e adorei os outros posts.

Rafael Only disse...

O mais assustador é pensarmos que não há coisa sobre a Terra, que seja realmente elevada hoje em dia. Nós mesmos que observamos tais criaturas, podemos até mesmo não ter um observador mais avançado em tal 'cadeia de observação', mas sabemos que somos tão humanos quanto eles.
Adorei a maneira como escreve.!