quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Olá Amigos

Venho rapidamente comunicar que, por estar sem acesso à internet em minha residência, não estarei postando com tanta frequência.

Porém, peço que sempre retornem a meu espaço, caso queiram reler alguns de meus contos e não deixem de postar suas opiniões e de debater, ainda que não possa responder prontamente.

Muito obrigada pelas visitas e pelo comentários, e peço desculpas para aqueles que comentam, pois não poderei responder imediatamente, por enquanto.

Até breve, e "dias melhores virão".

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Prisão

Aprisionada por mentes controladoras, que pensam ser os donos da verdade absoluta, que julgam sem nenhum escrúpulo pessoas completamente inocentes e se quer deixam espaço para as mesmas se defenderem.

Pessoas completamente estúpidas que pensam poder prender para sempre a vida de uma pessoa, e assim trancafiando sonhos e projetos que poderiam ser colocados em prática.

Infelizmente, para eles, não durará para sempre.

Sinto muito senhores se o intento era manter presa uma mente livre.

Não será possível por muito tempo.

Porém, enquanto o fazem possível, aguardo o momento em que me libertarei dessas amarras moralistas e ignorantes para enfim viver.

Por enquanto, somente aguardo.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Passado

O passado já diz pelo seu próprio nome: algo, situação ou alguém que ficou para trás, que não importa mais no momento atual. A necessidade de se preocupar com o passado é algo completamente descartável, pois se isso acontecer perdemos os bons momentos presentes e os que virão futuramente.

A experiência é algo que não podemos subestimar, pois de tudo podemos tirar algo de bom, mesmo dos momentos ruins. Agarrar-se à situação anteriormente vivida é no mínimo saudosismo exagerado, e já passamos muito da época em que se estimava esse tipo de comportamento; caso isso venha a persistir em nossos dias, seremos sucumbidos pelo tempo e chegará o dia em que lamentaremos por ter perdido esse precioso tempo lamuriando sobre algo irremediável.

O futuro é belo pelo simples fato de ele ser imprevisto, mesmo que existam meios para podermos pelo menos saciar a ânsia de precipitar as revelações vindouras. Ainda que o desejo de voltar atrás seja pertinente, o que seria futuro virá a ser passado; o que poderia ser planejado não poderá mais o ser pois perderam-se os dias. Desperdiçar novos horizontes é suicídio, viver de um passado, mesmo este sendo ainda recente, é matar as novas esperanças.

O relógio não pára, o tempo passa e ficaremos para trás com essa inquietação inútil de querer retroceder. Não há mais razão para lamentações. Deixemos os fantasmas num baú e tranquemos-os com a chave dentro, pois estes não nos trarão nada de útil senão frustrações e arrependimentos.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

O desperdício - artifício usado por pessoas sem expectativa

Sentada em minha mesa de trabalho assisto a uma cena completamente assustadora: uma senhora que, em pleno sol das duas horas da tarde de uma terça-feira quente como o próprio inferno, lava as grades de seu portão esfregando-o com uma bucha de lavar louça, embebida em detergente e com a mangueira na outra mão, de maneira que possa enxaguar as grades de seu lindo e querido portão enquanto esfrega-o novamente, sôfreguidamente, frenéticamente, até que o mesmo brilhe, branco como as nuvens fofinhas que pairam sobre nós, com certeza perplexas ao se darem conta da estupidez humana. Sei que em algum outro relato devo ter mencionado a "estupidez humana", porém não tive como não recorrer a esse termo, pois nenhum definiria melhor essa situação.

A senhora, no alto dos seus 60 anos, deve ser mais uma dona de casa frustrada e cheia de netos pentelhos e mal-educados - que ela como toda boa avó deve ter contribuído, mimando as pestes quando na verdade deveria educá-los na base do chicote - e como nada tem a fazer a não ser aturar os diabinhos quando as mães dos mesmos estão gastando o dinheiro de seus maridos num shopping, comprando qualquer coisa somente para satisfazer a serpente consumidora que lhes come as entranhas, ao invés de poupar a velha mãe de um papel que deveria ser desempenhado por elas: o papel de mãe.

Agora a senhora fecha o portão limpo e cheiroso - que ela deixou com sua buchinha de lavar louça e seu detergente, acompanhado de jatos de água jogados sem piedade nenhuma, pois o que mais importa na vida que ter o seu portão limpo? - e vai pegar em sua despensa uma escova de dentes usada para limpar as gretas do seu portão. As gretas. O que na verdade viria a ser "gretas"? Será uma daquelas palavras que escutamos de nossas mães desde o útero, e que nos acompanhará até o túmulo, mesmo sabendo que elas não existem? Enfim, não vamos dissertar sobre isso leitor, pois seria preciso muitas horas. Ficamos somente nas gretas, as gretas do portão da senhorinha que não tem mais o que fazer a não ser desperdiçar água e matar a sua falta de perspectivas, os seus anos mortos por um desejo imposto, por uma causa que nem ela mesma defendia. Quem sabe tudo o que fora feito de sua vida se resuma naquela frase gasta: "Porque Deus quis assim".

É minha senhora, Deus quis que casasse, tivesse filhos - no caso filhas - estas que lhe deram mais filhos; quis que esfregasse cuecas e meias sujas, que aturasse a obrigação de se submeter todas as noites àquela desculpa da enxaqueca, ou quando inevitável aturasse tudo como se fosse o seu dever. Quis que jogasse fora toda a sua vida, seus sonhos, suas perspectivas em função de algo que nem acreditava. Agora nada mais poderá ser feito, a única coisa que se há de fazer é assistir à essa cena deprimente. O desperdício é justificado, pois ela também teve sua vida inteira desperdiçada como a água que escorre bueiro abaixo. Nada mais justo.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A verdadeira liberdade

Sou eu, a excêntrica pessoa a exibir suas qualidades pessoalmente inventadas.

O ego que me controla fazendo com que creia em uma existência genial.

Existência esta que mal sei o seu propósito, a sua razão.

Se é que existe razão para um ser como este,

Farto de esperar, farto de pensar,

Farto de crer que as mudanças virão,

Que as flores desaborcharão... que minha vida será enfim algo sólido,

E não essa maré incerta e cheia de medos,

De receios, de cuidados, de omissões, submissões...

... Medo. O medo de morrrer, o medo de sair para o mundo,

Medo este que me foi imposto por mentes controladoras e obtusas,

Que jamais enchergarão além dos seus curtos e breves horizontes.

Quero me livrar dessa carcaça de obstáculos por mim impostos,

Quero ser livre não só de cobranças e imposições,

Pois essa liberdade logo se alcança.

Quero a minha liberdade,

Ser livre desses pensamentos,

Dessa jaula na qual eu construí para ser minha morada.

Quero jogar fora a chave desse calabouço,

Soltar-me das correntes e finalmente estar pronta,

Solta, leve como uma borboleta a dançar ao vento.

Enfim terei as respostas de minhas perguntas,

Terei o que mais almejo.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Agonia

Numa bela e quente manhã de inverno chegam os carrascos munidos com suas serras elétricas, seus machados, suas almas imundas e incoscientes. Nada posso fazer a não ser esperar... esperar que as machadadas sejam breves, que as serras sejam velozes, que a morte venha rápido.

A covardia alcança níveis incomparáveis, pois matar um ser completamente inerte que não pode se quer gemer de dor é a maior das covardias. Vejo meus braços, antes robustos e fortes, sendo carregados como entulhos para uma caçamba imunda de um carroção municipal. As folhas antes verdes, agora não passam de lixo que será varrido pela senhora numa atitude estúpida e alienada de se livrar da árvore que antes lhe dava sombra nos dias quentes.

Olho para mim, agora sou um toco, um pedaço do que antes era um imenso tronco que sustentava uma vida que agora é jogada no lixo por animais irracionais. Até mesmo o cão, inocente e impulsivo, quando urinava em meu tronco não era tão irracional quanto as serras e os machados administrados por paus-mandados de uma besta capitalista e sem escrúpulos, que quer transformar em deserto todas as ruas, praças, parques.

Um dia todos chorarão de arrependimento por cada árvore cortada, pois o caos não tardará. E espero que venha o quanto antes.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Clamando à Chuva

Chuva lave minha alma podre, minha mente de pensamentos impuros e obscenos, meu corpo de malícia e promiscuidade. Leve embora essa culpa que me castiga, esse remorso inútil, esse sentimento de impotência e depreciação que faz de mim uma juíza cruel e irredutível, que diz todos os dias: "Não há alma que você possa fazer feliz nesse mundo".

Chuva leve embora esses restos mortais sepultados em meu peito, essa mortalha de reminicências e lembranças que já não vivem mais. Estão mortas, decompostas e enterradas num passado feliz embora conturbado e cheio de ressentimentos. Leve consigo esses hábitos de uma vida passada, onde tudo era clandestino e proibido, deixe minha mente livre desses sentimentos prisioneiros que se apossam de mim a todo momento.

Se nenhum desses desejos forem atendidos, Chuva me leve embora assim como você leva aquilo que não serve enxurrada abaixo. Com suas águas puras lave a terra de todo o mal, de tudo aquilo que é inútil e perigoso e aproveite para levar-me junto, pois somos da mesma laia, todos não prestamos e não podemos nada oferecer. Não deixe que eu viva com essa praga de sentimentos e fantasmas que me rondam sem cessar, que eu permaneça nessa condição miserável, com essa culpa que por mais que eu tente não consiga me livrar. Somente peço que, se meus pedidos não forem atendidos, Chuva me deixe pelo menos descansar.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Eterna Mágoa - Augusto dos Anjos

O homem por sobre quem caiu a praga
Da tristeza do Mundo, o homem que é triste
Para todos os séculos existe
E nunca mais o seu pesar de apaga!

Não crê em nada, pois, nada há que traga
Consolo à Mágoa, a que só ele assiste.
Quer resistir, e quanto mais resiste
Mais se lhe aumenta e se lhe afunda a chaga.

Sabe que sofre, mas o que não sabe
E que essa mágoa infinda assim não cabe
Na sua vida, é que essa mágoa infinda

Tranpõe a vida do seu corpo inerme;
E quando esse homem se transforma em verme
É essa mágoa que o acompanha ainda!

sábado, 9 de agosto de 2008

Até onde vai a estupidez humana - part III - As aparências.

O culto que a sociedade moderna tem sobre a aparência é tanto que deixam de ver para somenter enxergar, e se contentam com isso. A única coisa que importa é o visível, que é passível de críticas, sendo assim mascaram cada vez mais aquilo que é superficial, subordinando a essência à mera aparência.

Pintar montanhas de verde para "parecerem" árvores, pintar as folhas das ávores de verde para "parecerem" ser mais verdes - perfeccionismo patético e descartável - escondendo o descaso dispensado à natureza não resolve problemas, apenas os tornam cada vez mais visíveis, o que denuncia uma sociedade completamente fútil e vaidosa. Nesse caso falamos da vaidade no seu sentido mais banal, e não àquela que é benéfica. Diante desses fatos vergonhosos vemos que o homem tem uma capacidade imensa de ser estúpido, corrompendo algo que sendo natural é livre desses artifícios tipicamente humanos. Mesmo se o verde das árvores fosse desbotado é belo pelo simples fato de existir, pois é independente de estética.

Não podemos deixar que nos tornemos seres plastificados, mascarados e fúteis. Não podemos nos esquecer que antes de mais nada temos caráter, que antes de olhar para um rostinho bonito tente perceber se não é um artifício para esconder os defeitos, pois a beleza fica completamente comprometida com um "nois vai", "a gente fomos", "seje feliz", "o pobrema é meu", e assim por diante. (Não pude conter meu senso de humor!!!). Sejamos mais sinceros, seja o que for não mascare, não mude. Não se deixe levar por essa febre que é a indústria da aparência.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Jornaleco Pretencioso

Estava eu indo trabalhar numa manhã ensolarada de uma segunda-feira, quando ao entrar no escritório me deparo com um jornalzinho jogado no chão, como quem passa a entrega por baixo da porta numa tentativa desesperada de enfiar sua palavra goela abaixo dos leitores. Ainda que esse fosse seu maior objetivo, pelo menos o fizesse com maior competência, sem as visíveis canalhices e sem a pobreza da linguagem. Atacam vulgarmente aqueles que lutam contra essa dinastia castradora, fazendo comentários depreciativos - ainda com a pobreza da linguagem que é imperdoável a qualquer pasquim - e denegrindo a imagem sem nenhum escrúpulo. Pode ser que a maioria das pessoas que ainda desperdiçam seu tempo lendo os artigos arrotados nesse "jornalecozinho" não percebam a covardia dos ataques, mas é real e visível.

Ainda há o mais ridículo, o que mais dá ânsia ao ler: a tentativa de endeusar indiscriminadamente e sem vergonha nenhuma uma pessoa totalmente sem escrúpulos. Querem tornar um lobo em cordeiro e fazer com que acreditemos nessa fantasia. Num trecho vemos nitidamente isso: "(...) a cidade deve ser do tamanho dos sonhos de seus cidadãos e que cada um pode ajudar para que esses sonhos tenham dimensão". O que será que essa pessoa pensa que é? O que será que está tentando fazer, com essas palavrinhas bonitas, falando de sonhos, falando em nome dos "cidadãos"? Antes de mais nada, deveria é lavar a boca antes de falar em nome de nós, cidadãos dessa cidadezinha moralmente e estruturalmente falida.

Esse jornalzinho tráz uma crítica em relação a um e-mail que vem sendo divulgado que trata de uma crítica à cidade. Eles simplesmente fazem uma censura a qualquer tipo de comentário negativo sobre a atual administração, como se não pudéssemos se quer questionar. Na íntegra da matéria o e-mail é depreciado, alegando que o município foi difamado por pessoas imaturas. O "sonhador" dá novamente o ar de sua graça na seguinte declaração: "Não é uma crítica contra a administração, e sim contra toda a nossa cidade, os nossos valores, a nossa cultura, (...)". Nossos valores? Nossa cultura? Porque é agora empregado o pronome possessivo nosso, quando antes esse desprendimento não é visto? Quem ele está querendo enganar com esse discursinho falido e sem base nehuma? Esse tipo de pessoa deve - a repetição é agora proposital - lavar a boca antes de se referir aos cidadãos dessa cidade, antes de colocar o meu nome e o seu nesse discurso.

Se realmente a cidade fosse "nossa" teríamos nossa opinião respeitada e poderíamos opinar nas reformas totalmente inúteis que estão sendo feitas em praças, nas praças que estão sendo construídas com o prolongamento das calçadas, o que tornará o trânsito num caos ainda maior. No momento em que nosso voto era de vital importância, éramos devidamente respeitados como cidadãos. Não seríamos tratados como bandidos, sendo surpreendidos por policiais, quando os mesmos deveriam desviar seu olhar dos inofensivos e voltar-se à raiz do problema, que evidentemente não fica no centro da cidade.

Até quando iremos nos deparar com esse tipo de censura e repressão, feita debaixo dos nossos olhos por um veículo cretino, que escancara a quem quiser ver a sua pretenção? Enfim, eu disse a quem quiser ver. Está então explicada a atual situação.

Obs: não tive o conhecimento desse e-mail.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

As aparências enganam... Ô jargão!

As aparências realmente enganam, surpreendem completamente. É como você ver um pedaço de algo parecido com chocolate, achar que é mesmo chocolate, porém ao dar a mordida perceber ser fezes. Comparação completamente nojenta, mas pertinente ao caso. Pessoas que ao nos dizerem coisas belas, pensamos então serem confiáveis, leais com o que dizem. Não, não são leais. Tudo o que fora dito não passou de um simples teatro.

Aproveitam-se do momento para enganar de maneira cretina o ouvinte. Será que não se lembram do que disseram? Será que a memória é tão curta a ponto de passar uma borracha e esquecer completamente das calúnias? Infelizmente, lembrando ou não, os acontecidos surgem como surge a borboleta entre as flores, como surge a nuvem, como surge a vontade irrefreável de defecar.

Pelo menos se as pessoas fossem sinceras e ao terem o primeiro contato e perceberem a injúria que cometeram, estivessem dispostos - doa a quem doer - a relatar sobre a primeira impressão, e logicamente pedirem desculpas. Relatar sobre o que fora injustamente dito sobre quem quer que seja, pois quem fala a verdade não merece nenhum castigo - a pessoa que vos fala nem sempre diz a verdade, mas como já está pagando por isso, acho que não é de todo mal dizer a expressão anterior.

Não há a menor necessidade de "teatrear", de atuar. Mesmo que não fosse isso, antes fosse dito o que antes disse, agora não há mais jeito. As fezes já se foram atiradas em um grande ventilador e voaram por tudo que é canto. Para limpar será difícil - não impossível - mas seria muito mais bonito se os esclarecimentos fossem devidamente feitos antes, num tempo anteriormente antes deste; num dia atrás, mês, ano. Enfim, agora está tudo já melecado.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O sentido da vida

O sentido da vida. O que você acha que faz a sua vida ter sentido? Qualquer coisa, o que faz a sua vida ter razão?

Carro novo, roupas, dinheiro, realização profissional? Filhos? Enfim, existem várias coisas que podem fazer com que sua vida tenha sentido, mas será que é preciso isso? Será que é preciso algo para que sua vida tenha sentido, ou o que dá sentido para a sua vida está em você?

Uma pessoa com dinheiro, com um emprego em que ela se sinta realizada, que tenha filhos; isso tudo são acessórios nos quais as pessoas se escondem para estarem aparentemente bem. Para que as pessoas vejam o quanto são bem aventuradas...

... De nada isso adianta. O que dá verdadeiramente sentido para a vida de qualquer um é sua personalidade, seus ideais, seus valores - sejam eles quais forem. Se se é vazio, de nada adianta os acessórios morais que se usam as pessoas.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Eu quero viver...

Deixem-me em paz seres obtusos!!!

Deixem-me respirar a vida, viver.

Quero ter o direito de errar, experimentar o proibido para pelo menos saber que gosto tem.

Quero liberdade, só um pouco de liberdade - se é que ela realmente existe - para respirar um pouco.

Quero ter o direito de ficar sozinha, de estar sozinha, de botar a cara no mundo e tropeçar quantas vezes forem preciso!

Chega desse cabresto! Abram os olhos! Não sou uma desmiolada, inconseqüente e sem ideais!

Confiem em mim! Fechem os olhos e depositem um pouco de confiança.

Não quero ir embora, mas estão me forçando a fazê-lo! Não quero ter que ir embora, então me escutem!

Não quero abaixar a cabeça para vocês, mas isso não significa que não os respeite.

Minha opinião já está formada, então não gastem seu latim comigo à toa.

Eu só quero viver.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Oh Capital!

Oh Capital, como domina o mundo, as pessoas, as ações.

Oh Capital, como controla, manipula e destrói o caráter dos dominados.

Não deixe que o Capital o domine. Não se deixe banalizar.

Não deixemos cair nas garras desse senhor impiedoso.

Não se torne capacho, um fantoche, uma marionete. Não passe por cima dos outros, não deixe que os
interesses alheios sejam subjugados.

Somos melhores do que isso, superiores às mesquinharias. Superiores à míseros dois reais.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Eu não quero ser Normal!!!!

Estou cansada...
Cansada de viver nesse mundo fedido, onde tudo está subentendido em segundas intenções.

Estou cansada de ter que parecer o que não sou para agradar, para conseguir ser reconhecida como ser humano.

Estou cansada dessa mediocridade, onde todos se contentam com pouco, com coisas banais e fúteis, e não se preocupam com o próximo.

Estou cansada de ser tachada de maluca por pessoas "normais".

Aliás, eu adoro ser essa maluca. Nunca deixarei de ser.

Não me enquadrarei nos seus padrões!!!!!

Não deixarei de ser EU MESMA nunca! Não quero ser normal... ou anormal, porque para mim, anormal é freqüentar postos de gasolina no domingo à tarde, encostar a bunda no carro e ouvir uns Tecno-pop fajuto.

Anormal é tomar sol do meio-dia para ficar bronzeada, para depois você perceber que no terceiro dia já está branca de novo.

Anormal não é ler revistas de moda, mas sim viver em função disso, deixando de ter personalidade até na hora de se vestir. É se deixar uniformizar.

E para finalizar, anormal é reprimir uma manifestação cultural voltada para os jovens, e gastar dinheiro com praças inúteis, com guardinhas ridículos que só servem para carregar cacetetes e NOS olhar torto - quando poderiam voltar sua atenção para um grupo de playboys que estavam fumando maconha ao ar livre (nada contra quem use maconha mas, eram três horas da tarde!!! Cadê o bom senso?).

Pois bem, se mais um ser desprovido de massa cefálica (adoro essa expressão) me chamar de "Anormal", sinceramente, darei uma boa risada na cara do cidadão.

E tenho dito.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Manual da Boa Convivência

Conviver é uma arte que poucos dominam. Poucos sabem as regras do bem conviver, do bom relacionamento. A boa convivência não é somente a ausência de discussões, mas o respeito das diferenças.

Não somos todos iguais, temos idéias diferentes, gostos, pensamentos, e nem por isso não deixaremos de conviver com as outras pessoas. Todas essas diferenças não podem simplesmente ser ignoradas. Temos que compreender, respeitar. Erroneamente as diferenças são oprimidas, como se todos devessem ser iguais, como robôs uniformizados e sem vontade própria.

A família, na maioria das vezes oprime as diferenças. Pensam que educar é castrar, prender como se seus filhos fossem sua propriedade. Entendem mal a concepção de convivência, assim marginalizando as vontades, idéias e pensamentos dos seus filhos como se não interessasse. Não incentivam a originalidade.

A c0nvivência deve ser praticada com respeito, sobretudo em relação às variadas formas de pensamento, que forma o indivíduo. A família deve rever os seus conceitos em relação à educação, que geralmente confundem com "castração".

sábado, 31 de maio de 2008

PROTESTO!


Eu quero manifestar minha indignação. Somente isso porque não tenho nada a dizer. Manifestar minha indignação contra pessoas que não acrescentam nada a ninguém, nem mesmo a elas. Contra atitudes impensadas, contra ofensas sem propósito. Contra pessoas sem horizontes, sem cultura, sem perspectivas. Contra todas as atitudes que tornam a sociedade atrasada e ignorante.

Contra esse falso sentimento de nobreza, contra essa elite podre e sem moral que arrota elegância mas que por dentro é, na verdade, um monte de estrume. Quero dizer a todas essas pessoas que podem ter o que for, mas sempre serão ridículas, sem cultura, sem dignidade. O dinheiro que vocês têm compra tudo, até mesmo admiração de algumas pessoas, mas não compra caráter.

Quero protestar contra essa falsa religião, contra essa fé comprada e barata que alguns têm, que pensam que por estarem numa igreja no domingo à noite serão salvos do inferno - se ele existe. Protestar contra esse celibato que só dá vergonha à essa classe. Contra essa moral que já venceu há muito tempo, nas fogueiras, nas indulgências, nos interesses sempre subentendidos, seja nas
Cruzadas, seja nas cruzes de madeira que contém a água do Jordão. Dizer que nada adianta fazer, porque todos você velhinhos grisalhos e pedófilos já perderam a máscara da santidade.

E dizer ainda àquele que usa indevidamente o posto de padre, que seus dias como ladrão está acabando, e que realmente, se pudesse, cuspiria na sua cara de porco gordo e fedido. (Alguém saberá de quem estou falando).

Enfim, como não posso nada fazer, pelo menos posso escrever nesse blog empoeirado.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Família: Bom com eles, melhor sem eles.


Quando Jesus estava sendo crucificado, eu estava lá atirando pedras, é claro. Então, ele olhou para mim e disse: "Você me paga!", e estou pagando mesmo. Estou pagando com uma família maravilhosa! Com pessoas que respeitam os outros, que não incomodam de propósito, que são amigas, etc. Pessoas tão especiais que todos os dias, ao acordar, eu me pergunto: "O que foi que eu fiz para merecer"?

Fora atirar pedras em J.C, nada. Devo estar pagando pelos próximos pecados. Acho que deve ser um consórcio: você paga os pelos pecados antes de cometê-los. Enfim, sendo consórcio ou não, o fato é que família, pelo menos a minha, é algo complicadíssimo. Dificílimo de se conviver por muito tempo sem ter vontade de cometer um suicídio. Nesse tipo de relacionamento, a insatisfação é garantida.

Dormir? O que é isso? Desculpem, mas não me recordo desse palavra dormir, é de comer? O meu sono virou algo supérfluo, não há a mínima necessidade de se respeitar o meu sono - já o dos outros não respeita para ver o que acontece. Se todos acordam às seis horas, você também acorda; se um não dormiu bem, por que você tem que dormir? O meu pai ronca no quarto ao lado, minha mãe não consegue dormir, e conseqüentemente todos não dormem. Ao acordar ela faz questão de exprimir a sua raiva por não ter dormido, acordando o resto - no caso eu - pois o sono dela não foi bom! O que o meu sono tem a ver com isso?!

Minha irmã mais velha - que tenho a infelicidade de conviver sob o mesmo teto e dividir o mesmo quarto - é alguém que supera todas as expectativas quando se trata de uma pessoa indesejável. Quando a palavra respeito foi ensinada na escola, ela faltou. Aos nove meses seu cérebro ainda não foi totalmente formado, mas fazer o que, teve que sair. Ela pensa que, só porque ela é uma solteirona, frustrada profissionalmente, todos - eu disse todos - têm que pagar por isso. Esse animalzinho tem muitas peculiaridades que vocês nem imaginam! Quer levar para casa? Estou doando.

Eu disse dormir no parágrafo acima, não? Pois bem, se um dia eu adquirir uma lesão no meu sistema nervoso central, a culpa é da minha irmã. Dormir é algo completamente impossível quando se divide o mesmo quarto com esse bicho. Você dorme de teimosia, porque você acredita que vai conseguir. Deu seis horas da manhã, o animal desperta. Abre a porta do quarto com tanta delicadeza, que só um orangotango conseguiria reproduzir. E parece que, ao abrir os olhos a boca também abre, e durante as 16 horas em que fica acordada, não consegue parar de falar.

A convivência é forçada, você não tem escolha. Ou explode de tanta raiva e corre o risco de fazer papel de idiota, ou agüenta tudo com uma paciência que só os monges franciscanos adquirem - acorda, engole seu mal-humor e tenta pensar que um dia tudo isso acabará, que você sairá de casa e poderá viver em paz. E também você poderá usar tudo isso ao seu favor, acordando P da vida, indo direto para o computador para desabafar a sua raiva escrevendo em seu blog.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Voto facultativo: Uma alternativa para alertar a população sobre a importância do voto.


Eleição é um tema que povoa a cabeça de várias pessoas nessa época. Existe a dúvida sobre em quem votar, e até mesmo a dúvida em se votar. E todo o assunto acaba ficando insignificante, pois a população só leva em conta a obrigação do voto. Se o voto fosse facultativo, a sensação de obrigação acabaria e teríamos eleitores conscientes votando e decidindo o nosso futuro.

As campanhas eleitorais não foram criadas para que sirva de comédia no horário do jantar. Estão ali apresentados os futuros deputados, senadores, prefeitos, vereadores, enfim, os governantes. Se reclamamos da situação de agora é porque não soubemos escolher. A culpa do caos político que estamos vivendo, não só hoje, mas durante anos, é dos eleitores mal informados, que não pesquisaram a vida do candidato, que não procuraram saber o que ele fez ou deixou de fazer, para que assim fosse feito uma seleção sobre em quem votar. A importância do voto foi banalizada, e a prova disso é forma que o povo encara o processo.

Se as eleições fossem facultativas, tudo seria diferente. Somente pessoas devidamente preparadas votariam, assim não colocando na urna um voto inconsciente, que depois trará sérias conseqüências. Obrigando a população a votar é como se tudo perdesse o sentido, e fosse encarado como algo sem importância, pois toda a importância está na obrigação. A consciência sobre a cidadania deixa de existir. Somente o fato de ser obrigatório deixa a população acomodada.

Facultativo ou não, o voto é algo muito importante. Decidimos com um simples apertar de botões o destino de nosso país durante quatro anos. Porém, precisamos de eleitores preparados, que levem em consideração todo o processo e tenha em mente o seu candidato escolhido devidamente. Portanto, o voto facultativo seria uma boa alternativa para que possamos mudar a concepção de cidadania da população, deixando de ver o ato de votar como uma simples obrigação.

sábado, 17 de maio de 2008

Até onde vai a estupidez humana? Parte II


Alguém encontrou a palavra "créu" no dicionário? Pois bem, nem eu. E partindo do princípio de que todas as palavras existentes e com sentido definido constam no dicionário, se "créu" não consta, não existe. Porém existem pessoas que, partindo de uma definição particular de manifestação cultural - que particularmente não considero como sendo - "compõem" uma música com essa palavra que não existe, e essa mesma "música", constando basicamente de uma única palavra - "créu" - é ouvida pela maioria.

Será que a capacidade das pessoas de avaliar o que lhe são apresentados morreu, e por essa razão se quer questionam? É totalmente sem cabimento que um barulho desses seja ouvido e tenha se tornado tão popular, ao ponto de se ouvir no centro da sua cidade carros e mais carros tocando essa "música" a todo volume. E também é totalmente sem cabimento você presenciar um grupo de indivíduos, de organismos desprovidos de massa cefálica, "dançando" o "créu", na frente do cursinho onde você espera que alguém venha logo te buscar para que a agressão contra o seu sistema nervoso pare antes que deixe seqüelas.

Além de carros, desses organismos acéfalos, existem também programas de televisão que, para atrair audiência, abrem espaço para que grupos "musicais" do mesmo gênero se apresentem, e os coitados acéfalos pensam que fazem isso porque são adeptos da "cultura funk" - tsc, tsc, tsc, que dó.

Essa linguagem apelativa que geralmente está presente nesse tipo de "música", o jeito com o qual se "dança" - que mais parece o ato sexual em si - caracterizam um tipo de pessoas que vulgarizam e banalizam o sexo, igualam-se a animais, que agem por instinto; uma "cultura" baseada na promiscuidade, e é justamente essa "cultura", banal e totalmente ridícula, que é quase venerada. Não há questionamento, não há nenhum tipo de avaliação quanto ao conteúdo - mais precisamente à falta de conteúdo. Porém, quando o assunto é a cultura Underground - subentende-se os punks, góticos, headbangers, etc - somos todos julgados como "satanistas", e somos discriminados.

É preferível que eu seja julgada como "satanista" do que ser mais um organismo desprovido de massa cefálica, que repete inúmeras vezes a mesma palavra sem sentido. É preferível ser discriminado, sofrer preconceitos do que se igualar a esse tipo de comportamento.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Discussão


- Eu não sei o que escrever...

- Como não sabe? É simples, não se faça de bobo.

- Sério, não sei. Não consigo pensar em nada. Esgotaram-se minhas idéias - disse enquanto suspirava.

- Não precisa ser nada de muito relevante, invente. Sei que você consegue, só não pode ficar com essa cara de derrotado!

- Mas não é tão simples assim! Preciso de calma, de idéias! Não consigo pensar...

- Olha, eu sei que você, lá no fundinho tem uma idéia fresquinha esperando para sair! Hein, não estou certo? - disse enquanto o cutucava.


- Está errado. Ouça, melhor deixarmos isso para depois, quando estiver com a cabeça fresca. Assim não nos aborrecemos e eu posso ter um tempo para pensar em algo. Está bem assim? - disse sorrindo, forçando o acordo.

- Não, eu sei que você consegue! Não se faça de desentendido, eu sei o joguinho que você está querendo fazer, mas não vai colar! - estava irônico, não queria entender os argumentos do outro.

- Qual joguinho, meu amigo? Você só pode estar delirando, ou não está conseguindo entender que hoje eu não estou com cabeça para escrever nada? Se você não sabe, o ato de escrever é algo que deve ser feito com muita calma, somos artistas - disse com um ar de superioridade.

- Olha aqui colega, está me chamando de burro? Acha que não sou capaz de entender o que você, artista, diz? Está querendo dizer que sou inferior? - estava nervoso, começava a alterar seu tom de voz.

- Claro que não! Meu querido, qual o problema em eu não estar disposto a escrever hoje, justo hoje? Que eu saiba não é tão urgente assim!

- Meu querido, não há problema, mas eu sei que você consegue, e na verdade, é urgente sim! Eu mando em você, sou seu superior!

- Ah, claro! Nunca recebi uma ordem assim, tão sem cabimento! Não vou escrever só porque você acha que é meu superior! Não gosto de fazer nada quando não estou disposto, e hoje é o dia, não estou disposto! - a discussão começa a esquentar.

- Ah, não está disposto? Pois quando chegar o dia do seu pagamento, não estarei disposto em lhe pagar, estamos quites não?

- Olha aqui, uma coisa não tem nada a ver com a outra! Mas eu sei, você gosta de jogar sujo, de apelar, não é? Faz bem o seu tipinho! Pessoas como você são capazes de tudo, conheço vocês - agora as ofensas vêm à tona.

- Pessoas como eu? O que você quis dizer com isso? Tipinho? Você realmente não me conhece, está me tirando do sério!

- Ah é? O que você é capaz de fazer então? Vai me matar? - disse provocando-o.

- É, pode ser - tirou o revólver do bolso e atirou.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Um Bêbado...


Esta história é um fato verídico. Os nomes foram alterados para que a identidade das pessoas envolvidas fossem preservadas. Qualquer semelhança, nesse caso, não será mera coincidência.

Teresa e Antônia estavam conversando tranqüilamente como sempre o faziam. Era noite, fazia um pouco de frio. O céu estava limpo, a lua, ainda que em sua fase menos iluminada, estava desempenhando seu papel de tornar até a noite mais fria, em um belo espetáculo. Tudo corria como de costume, dentro da normalidade medíocre de uma cidadezinha pretensiosa.

Às vezes, quando as coisas vão bem, sempre dizem que é por pouco tempo. Realmente, nesta noite as coisas tomariam um rumo que seria trágico, se não fosse cômico. Seria a demonstração de que o homem pode sim chegar ao fundo do poço, ou até mesmo, cavar além do poço. A demonstração da mais pura auto-piedade, da falta de orgulho e amor-próprio que leva o homem a passar pelo ridículo em troca de atenção, de alguém que possa escutá-lo, mesmo que por pena. E até mesmo que possam rir dele, pois o ridículo já não importa mais.

Ao olhar para o lado, Teresa toma um susto ao se deparar com um homem bêbado, olhando para ela como se encontrasse uma alma caridosa que possa escutar seus lamentos. Antônia também assustada não sabe o que fazer. A escolha mais sensata seria escutar, responder com desdém - mas não deixando transparecer - e depois sair de perto, ou esperar que o bêbado saia primeiro.
Suas roupas não eram rasgadas, não estava sujo, mas todo aquele ar de embriaguez o tornava insuportável.

- Minha mulher morreu, era parecida com você - dirigindo-se à Teresa - eu durmo, todos os dias no túmulo dela - falava enquanto mostrava toda a sua dor, misturada com álcool e auto-piedade.

Todas as respostas eram, nada mais, uma tentativa de disfarçar o riso. Ainda que ele possa realmente estar sofrendo, torna-se cômico por banalizar sua dor, contando a quem quiser ouvir.
Seus olhos até lacrimejavam, nos primeiros cinco minutos sentiram pena. Nos próximos sentiam vergonha, logo depois raiva, irritação.

Alguns amigos de Teresa e Antônia vieram para tirá-las de perto daquele homem inconveniente. Após alguns minutos o bêbado retornou, com uma nova estratégia. Iria cantar. Tentar cantar, pois a bebedeira era tanta que mal conseguia pronunciar as palavras. Na verdade não cantava, gritava, balbuciava palavras que nem sabia o que eram, se quer sabia se existiam. Todos se olharam e o riso foi inevitável. Aquele homem embriagado já não sabia que o riso representava a piedade das pessoas frente a um ato totalmente ridículo e sem propósito algum.

- Bom - disse um dos amigos de Teresa e Antônia - acho que o senhor já cantou e pode ir embora agora.

Sua saída não durou um minuto, e novamente o inconveniente retorna com um novo apelo. Aliás a junção do canto com as ameaças.

- Eu sou psicopata, eu sou maluco! Vocês não me conhecem!

O comportamento de todos ali já mudara. Não havia mais a tolerância quanto ao estado deplorável que o tal homem se encontrava. Teresa, começou a mandá-lo embora, mas parecia que seu cérebro alcoolizado não assimilava mais as palavras. Chegou a oferecer seu terço que carregava na mão à Teresa, que num ato de repugnância, quase joga o objeto no chão. O seu apego ao terço é tanto que volta atrás e pede-o de volta. Agora seu novo e último apelo é a religião. Mais precisamente Jesus.

- Jesus ama vocês!

A impaciência tomara conta de todos, a piedade não existia mais. Viraram as costas e deixaram falando sozinho o bêbado, com Jesus e seu terço. Após todo esse circo, o riso foi inevitável. Mas não se pode negar que, o que foi presenciado é a prova mais forte de que o homem pode perder seus escrúpulos, seu orgulho e vir a ser uma piada, uma pessoa digna de pena, de quem se ri e que não é levado a sério. Uma pessoa que busca na bebida um refúgio traiçoeiro, que ao invés de proteger leva o embriagado a cometer atos estúpidos e tolos.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Até onde vai a estupidez humana?


Até onde vai a estupidez humana? Essa é uma pergunta que gostaria de saber a resposta. Mas na verdade, não há limites. Mesmo sabendo disso, acabo sempre me surpreendendo. O homem desenvolveu uma capacidade de ser estúpido que chega a ser incrível! É tão constante no caráter de algumas pessoas que acaba virando uma qualidade - por esta não ter outro atributo.

Vamos citar alguns exemplos para comprovar que o meu raciocínio não está errado: Quando você está com vontade de matar alguém, seja sua filha, enfim, logicamente não cairá na besteira de pisar no lençol da vítima - assim deixando as marcas do seu sapato - não deixará vestígio de sangue, e mesmo se deixar, por favor, não coloque num balde com alvejante - veja bem seja nobre, isso é no mínimo vergonhoso (tsc, tsc, tsc). E quando der uma entrevista, peça a sua cúmplice que leve um lencinho, nem que seja de papel para, pelo menos, fingir que está chorando. Finja sofrimento mas de uma forma honrada, não patética, digna de um ator de quinta categoria.

E caso você queira dar um passeio de balões, por favor, não confie no vento. Não marque a sua chegada com tanta precisão, e leve pelo menos um pára-quedas, um colete salva-vidas e uma tesoura. Caso veja que os balões estejam levando-o para lugares remotos - ilha deserta, etc - corte-os, mas tenha a certeza de que cairá no mar - está explicado o uso da tesoura. Mesmo você sendo um padre, não pense que Deus o salvará, pois nem ele deve gostar de pessoas estúpidas como você.

Acho que consegui provar que a estupidez humana não tem limites, que ela realmente nos surpreende e que nunca deixaremos de ter pessoas assim, tão estúpidas ao ponto de fazerem coisas tão, tão, como se diz...

... estúpidas.

quarta-feira, 30 de abril de 2008

O menino e a pipa




Chovia um pouco, mas o que era mais visível era a neblina densa e fria daquela manhã. Era uma cortina de fumaça que fechava a passagem para o sol, conservando somente aquela languidez de uma manhã de outono. Era sábado, as ruas estavam desertas. Nenhum carro deslizando pela superfície úmida do asfalto, nenhuma voz ecoando pelas ruas. A cidade estava dormindo ainda o sono dos justos.

João acordou depressa. Olhou para aquele dia embaçado, sem luz e ficou desapontado. Queria estrear sua pipa nova que ganhou do avô, sair correndo pela grama do parque e exibir o seu presente para os seus amigos. Mas ele não desistiu, achava que aquela neblina não duraria muito, que era só o tempo de todos acordarem e a vida começaria de novo. Então colocou sua bermuda, uma camiseta e ficou esperando o sol aparecer com o rosto colado na janela do seu quarto.

Os passarinhos não cantavam, os cachorros de rua estavam dormindo debaixo dos bancos da praça. O silêncio tomava conta de toda a cidade. O barulho característico do progresso não existia mais. O ronco dos motores dos carros estavam calados naquela manhã, e João queria entender a razão de tudo isso. Para ele era como se tudo morresse, que a cidade se tornara uma cidade fantasma - igual às dos filmes de faroeste. Andou pela casa e todos dormiam. Joana, a empregada e sua babá, não havia chegado ainda. Estava com fome e ninguém para fazer o café da manhã. "Vou pedir para a mamãe despedir Joana!" - pensava ele.

Ficou ainda mais alguns minutos olhando pela janela, mas nada do sol aparecer. Olhava para sua pipa com um olhar distante. Não podia deixar que uma simples neblina estragasse seus planos. Foi até a cozinha, abriu a geladeira e pegou o doce-de-leite. Fez um sanduíche e colocou em sua mochila. Também levaria para a viagem uma garrafinha com leite. Ao sair olhou para sua casa com um olhar de quem não voltaria mais. Era sua despedida, seu adeus. Um adeus ainda que prematuro e breve, mas para ele era um adeus.

Subia a rua com uma certeza incomparável. Enfrentava a neblina, como alguém enfrenta um inimigo. Olhava ainda para as casas, com a esperança de encontrar vida. Mas não precisava mais de ninguém. Tinha em sua bolsa mantimentos e sua pipa que lhe faria companhia. Após subir a rua, parou um pouco para descansar. O parque já estava a sua frente, vazio assim como toda a rua. Pegou sua pipa - ainda que não tivesse vento nenhum - e tentou empiná-la. Mesmo sabendo que as condições não lhe favoreciam, não desistiu.

O sol antes tímido, era como se despertasse e abrisse a cortina de névoa que cobria toda a cidade. Ainda assim João não conseguia fazer sua pipa voar. Mas todas essas tentativas eram como mágica. Era como se fizesse aquela cortina de névoa abrir, para que o sol aparecesse e a vida pudesse acordar daquele sono contagiante. Os cães - que antes dormiam debaixo dos bancos - já estavam latindo pelas ruas, pedindo para que o dono do açougue os desse o petisco matinal. O sol começara a tomar seu lugar de direito, aquecendo a cidade. João olhava fixo para o céu - por um minuto desistira de empinar sua pipa. Subitamente as ruas começaram a se movimentar. A cidade começava a ficar barulhenta, os carros acordaram e já estavam percorrendo as ruas com aquela pressa característica.

A pipa que estava em suas mãos começou a se movimentar levemente. O vento também despertava. Em poucos minutos lá ia sua pipa, voando alto, mais alto que qualquer passarinho, ganhando os céus e abrindo caminho para sua liberdade. O parque começava a encher de crianças, as ruas já estavam cheias. A neblina, que antes cobria a cidade com sua mortalha,
desapareceu. Agora havia vida.

sábado, 26 de abril de 2008

Enchendo Lingüiça


À vezes temos tanta coisa a dizer, tantas opiniões para discutir que chegamos a um patamar em que você pára e diz: " E agora?".

São tantas coisa sobre o que você gostaria de falar, de criticar de, enfim, simplesmente ter o que dizer. Infelizmente não somos nenhuma fonte inesgotável de idéias, onde é só pensar e já vem à mente um texto dissertativo, de 25 linhas e com título. Ou então você entra no seu blog para atualizá-lo, mas é um vazio. Nada vem, nada baixa.

- Que tal falar sobre o aborto! - pelo amor de tudo o que se crê nesse mundo, aborto?! É tão batido, que se fosse falar, os visitantes desse blog sairiam ofendidos.

Hum, vejamos. Então falemos sobre política! Ótimo assunto, para quem sabe o que está dizendo... ou então, falar sobre o aquecimento global. Definitivamente, é algo em que transformaria esse blog de respeito, de família, em mais uma conversa de boteco - nada contra a nenhum boteco, por favor!

Ah, mas é claro! Vamos falar sobre a falta do que falar!!! Mais propriamente dizendo, vamos "encher lingüiça".

terça-feira, 22 de abril de 2008

Odeio Fé Cega!!!


Na Idade Média a fé explicava tudo. Nada tinha uma explicação plausível senão a famosa frase: "Por que Deus quis assim". Tudo se resumia a isso. Essa explicação era a base de tudo, explicava desde a morte casual - que na verdade poderia não ser tão casual assim - até a morte na fogueira - crime que a própria Santa Igreja Católica fez, mas que com o passar dos anos conseguiu contornar.

Chegou então o século XXI, com todo seu avanço tecnológico, científico, e a frase "Deus quis assim" não é mais usada. Mas ainda existem aquelas pessoas que taparam os olhos para a verdade e continuam a viver sob um argumento falho, ultrapassado e totalmente sem nenhum cabimento. Vivem com um pensamento medíocre, idéias que não ultrapassam nenhum horizonte e que se limitam aos sermões dos padres nas missas de domingo. Isso tudo nada mais é do que fé cega - pensamento totalmente ultrapassado e que se limita aos mandamentos da bíblia.

Não sou atéia, não sou contra a religião, pois tenho a minha, mas penso que existe um certo limite entre a religião e a razão. Tomo esse pensamento como ponto de partida pelo fato de morar em uma cidade em que os cidadãos são adestrados pela fé. Uma cidade governada por um prefeito que ainda vive sob um rótulo de padre que não deveria, por uma questão de honestidade com a população, mas que o faz porque sabe que com isso atrairá a admiração de muitas pessoas, além de sempre ter garantido alguns votos de senhoras beatas e cheias de moralismo católico. Então esse senhor prefeito faz o seu discurso e no fim - para fechar com chave de ouro - reza o "pai-nosso" e todos dizem: "Ah, que homem bom!". Além dessa pessoa estar desrespeitando o nome daquele que foi um homem muito importante para a história, está fazendo uma lavagem cerebral. Está manipulando através da fé muitas pessoas, que ele sabe serem religiosas, e usa isso ao seu favor descaradamente.


E para adestrar seus animaizinhos, promove turismo religioso - o que não é má idéia - desde que ele pensasse também nas ruas esburacadas, nos semáforos, enfim, esses pequenos detalhes que não fazem muita diferença. O que importa mesmo é agir com toda a sua autoridade de ex-padre para conseguir mais e mais votos, apoio e admiração de uma multidão de beatas medíocres e moralistas. Por essa razão que essa cidade nunca deixará de ser medíocre e de ter pessoas medíocres. Nunca crescerá, não passará de uma cidadezinha com ideais pequenos e com uma infraestrutura falida. E será o campo perfeito para que toda família desse respeitoso prefeito possa viver da política tranqüilamente sem medo de concorrência. Mas a culpa, por incrível que pareça, não é dessa pessoa aproveitadora, mas sim da maioria da população que está vendada com uma fé barata, sem fundamentos concretos, cheia de moralismos ultrapassados e hipócritas.

Embora tudo o que foi dito aqui esteja baseado em fatos presenciados, tudo isso está errado. Não pode ser dito! Que blasfêmia!!!

obs.: ODEIO FÉ CEGA!

sábado, 19 de abril de 2008

A Bonequinha Anna

- Oh menina, onde vais com tanta pressa? - perguntou a mãe aflita.
- Vou passear com minha boneca! - disse estranhamente a menina. Era noite, não havia ninguém nas ruas e a menina Sofia andava apressada. Sua mãe teve de largar os afazeres para correr atrás da menina que saía desesperada. Não sabia para onde ia, andava sem rumo, saltitante pela rua esburacada da cidade segurando sua boneca pelo braço. Sofia era bem alegre, espontânea e decidida, mesmo tendo somente cinco anos. Adorava brincar com sua boneca que ganhara em seu aniversário. Tinha nome também, era Anna. Era de porcelana, tinha cabelos loiros, olhos azuis e a boca cor-de-rosa. Os sapatinhos eram de pano, com cadarços pretos.

Sofia dizia à mãe que a boneca falava, mas não dava ouvidos. "Criança tende a imaginar essas coisas" - dizia a mãe rindo. Um dia Sofia até levou umas palmadas por dizer que Anna queria comer doce-de-leite. Marie - sua mãe chamava-se Marie - achara que as imaginações de sua filha estavam indo longe demais. Eventualmente, ouvia Sofia conversar com Anna de madrugada. Quando saía para brincar no jardim, via Sofia roubar doces para dar à boneca. E ainda sendo repreendida, teimava em dizer que não era imaginação, que a boneca realmente falava.

Sofia ultrapassou todos os limites quando saiu correndo de casa à noite, com Anna debaixo do braço. Marie não conseguia alcançar a menina, que corria como um gato assustado.

- Sofia, espere! É perigoso andar há essas horas da noite sozinha. Espere! - Marie gritava mas de nada adiantava. Sua filha parecia estar surda. Corria e saltitava, cantava uma canção dessas de criança, e tornava a correr, como se fosse impelida a isso, como se fosse uma ordem. O caminho que percorria ia dar no bosque. Uma névoa densa começou a tomar conta do local, e a mãe perdeu de vista sua filha. Chamava por ela, gritava seu nome, mas já era tarde. Sofia se embrenhara pelo bosque.

- Sofia, você sabe cavar? - perguntou Anna.
- Não sei Anna, mas para que cavarmos? Podemos brincar a noite toda pela mata! - disse a menina. Anna tinha os olhos de uma doçura quase hipnotizadora. Conseguiu conquistar a menina Sofia, e também conseguia fazer com que realizasse seus desejos. Sofia começou a cavar com as mãos um pequeno buraco.

- Está bom assim? - perguntou a menina ofegante.
- Um pouco mais - disse a bonequinha com os olhos tristes. Anna mudara de feição. Os olhos doces e alegres mudaram de repente. Estavam foscos, tristes e caídos, olhando para baixo como se quisesse esconder de sua amiga a sua tristeza. Subitamente Anna virou-se para Sofia e disse que ela tinha que descansar.

- Mas descansar? Por quê? Temos a vida inteira para brincarmos, comermos doce-de-leite debaixo da árvore do jardim - mas Anna não dava ouvidos, estava triste demais por ter que partir. Sofia olhou para a bonequinha e percebera sua tristeza. Não entendera a razão por ter que deixá-la naquela pequena cova improvisada. Porém não podia deixar de fazê-lo, Anna mandou que a colocasse em sua "cama" e que a cobrisse. Antes, disse à menina que um dia voltaria.

- Você vai acordar então?
- Não Sofia, somente me tornarei em uma nova boneca. Essa que está vendo ficará aqui para sempre - e com os olhinhos caídos deitou-se em sua cova e disse "até logo".

Sofia, depois de cobrir Anna voltava para casa e no caminho encontrou sua mãe, desesperada. Abraçou-a e adormeceu instantaneamente, como por mágica. No dia seguinte, sua mãe ao acordá-la, perguntou:

- Sofia, o que aquela boneca está fazendo debaixo da árvore do jardim?

Brennah Enolah

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Vestibular


Imaginem comigo: Nas escolas, tanto municipais quanto estaduais, quantos alunos existem? Não é um número pequeno, há colégios em que as salas ficam abarrotas de alunos. E mesmo assim, todos estudam - ainda que, pelo fato da lotação das salas, tudo vire uma imensa bagunça - todos tem seu lugar garantido e terminam o ensino médio.

Para entrar em qualquer universidade - falemos aqui somente de ensino público - você estuda, todo o seu ensino médio aquela ladainha, com a desculpa de que você precisa saber para passar no vestibular. E por qual razão há vagas para todos no ensino médio, e nas universidades não? Por que temos que passar por um exame, se nos colégios há o mesmo número de alunos, e esse mesmo número poderia tranqüilamente ser acomodado nas carteiras de uma universidade qualquer?

Passando por uma análise, o vestibular existe justamente para que seja imposto a nós um conhecimento totalmente oco, sem a preocupação com o que temos realmente que saber, sem a preocupação com o que pensamos. Passamos sete anos da nossa vida, sentados em uma carteira e quase sempre tendo que nos preocupar mais com notas do que com o conteúdo propriamente dito. O nosso conteúdo. E se analisarmos, novamente, será que querem que tenhamos conteúdo?

Não menosprezo os professores, não menosprezo o que me foi ensinado - o que tentaram ensinar, no caso - mas o que realmente questiono é a negligência do estado para com a educação, para com a formação dos alunos, embora seja isso mesmo o que eles querem.

terça-feira, 15 de abril de 2008

I am an Outsider!


Outsider? Sim, é isso mesmo. Não se importar com o que os outros dizem, não deixar-se influenciar sobre as tendências - tanto de moda quanto qualquer outras dessas tentativas de uniformizar as massas.

Outsider? É isso mesmo, novamente. Pode ser um sinônimo de individualismo, sim pode ser, mas na verdade caracterizam as pessoas que vivem fora do mundo uniformizado e medíocre que a maioria vive sem reclamar. Partindo agora de uma opinião particular, os outsiders são pessoas que tem uma opinião formada e não se preocupam com o resto.

Posso estar equivocada sobre minha definição precoce sobre o termo, porém é assim que vejo o universo outsider. Os outros, chamamos aqui então de insiders, são o resto propriamente dito. São os que gostam de qualquer coisa que lhes são apresentados sem fazer nenhuma observação. São os facilmente adestrados pelo sistema que sempre será, mesmo que implícito, manipulador das opiniões para que as pessoas não possam pensar sozinhas.

Estou depreciando aqueles que não se encaixam como outsiders? Sim. Qual a razão? Simplesmente pelo fato de que nós, brasileiros, não podemos mais suportar pessoas desse tipo, pois são estas bestas acéfalas que empurram nosso país ainda mais para o buraco. São esses animais adestrados que com qualquer promessa barata vendem seu voto. Ou ainda, que com qualquer discurso mal feito são facilmente manipulados.

Tudo isso que disse acima poderia ser real, mas não será, nunca será. Ainda haverão milhares de indivíduos chorando com a novela das oito, vendendo seu voto para políticos incapazes, e assim caminha, sempre mais para o fundo do poço, a humanidade.

domingo, 13 de abril de 2008

Ao meu amor.


Amor amigo que me conforta,
Amor que consola.
Doce companhia acalentando meus dias,
Curando minhas feridas,
Salvando minha alma da solidão.

Vem amor comigo,
Dançar ao vento, beijar-me a face
Lentamente como um sonho.
Vem amor fugir desse mundo,
À procura de um refúgio.

Não me deixes amor,
Nem na vida, nem na morte.
Não deixas amor que a distância
Nos coloque barreiras.
Não permitas amor que eu não veja seus olhos.

Amor vou contigo,
Para qualquer lugar, seja qual for a viagem
Vou contigo.
Por ti percorro toda distância,
Contigo caminho sobre a estrada mais sórdida.

Brennah Enolah

quinta-feira, 10 de abril de 2008

O Último Gole


- O que vocês querem? - perguntou assustado olhando ao seu redor - digam logo o que querem e vão embora!

Estava sozinho em sua casa, sentado no sofá e assistindo a alguma bobagem na televisão. Fora surpreendido. Não sabia o que aquelas aparições tão repentinas pudessem querer dele. Mas ainda assim insistiam em atormentá-lo.

- Saiam da minha casa. Aqui não há nada que vocês pudessem querer.

Sua voz ecoava como um trovão na sala. Não havia respostas, não havia nada. Era como se uma multidão olhasse para ele com uma cobrança muda, sem acusações diretas, mas com uma presença que por si só cobrava.

Levantou-se e foi até a cozinha. Atrás vieram as pessoas, como se fossem sombras. Já não lhe incomodavam mais, não iam embora. Abriu a geladeira e viu uma garrafa de vodka, tão solitária quanto ele. Há três dias atrás fora parar no hospital: coma alcoólico. Vivia bebendo pelas ruas, sempre com a mesma solidão povoada das mesmas pessoas que ali estavam. Não podia mais beber, mas era como se fosse uma obsessão. Prometera a si mesmo que não beberia mais, mesmo porque fora proibido de beber se quer uma gota. Seu fígado já não suportaria mais um gole. A sua desregrada vida de bêbado solitário agora teria que ter um fim, mas de certa forma era novamente induzido a saborear mais um gole.

Todas aquelas pessoas a sua volta, olhando-o em um silêncio que podia dizer mil palavras, com os olhos fixados nele e na garrafa em sua mão magra. Começou a tremer, a cambalear antes mesmo de ter bebido. A embriaguez tornou-se já um remédio infalível, que ele agora não podia deixar de tomar. O insuportável barulho que aquele silêncio causava fez com que abrisse a garrafa com o líquido milagroso e se deleitasse de prazer. Só o cheiro do álcool já fazia parar o tremor de suas mãos errantes. O silêncio ensurdecedor não cessava e enquanto aqueles olhos doentios o devoravam, ele simplesmente tragava da vodka antes esquecida.

A garrafa já quase no fim, e ele no chão, agonizando. Realmente esse momento já não tornaria a acontecer. Todas aquelas pessoas etéreas, silenciosamente ruidosas já estavam mais calmas. Ele, esticado no chão como um tapete velho e rasgado. Já não havia mais o que fazer ali, somente carregar o que sobrou daquela alma errante e bêbada num cortejo acompanhado de um murmúrio cadente. E o corpo deixado no canto da sala suja e desarrumada, com a garrafa vazia ao seu lado e com o cheiro característico da causa da sua morte.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Solução Simples


O tráfico de drogas em nosso país é algo que preocupa e nos deixa ameaçado. Todos os dias saímos de casa com um sentimento de medo e já certo que deixou um testamento com seus beneficiários e que não deixou de se despedir de ninguém. Não sabemos o que nos acontecerá, o que poderemos sofrer; a violência e o crime virou uma constante em nossas vidas. Já convivemos com ela de uma maneira tão natural que deixamos de nos preocupar, de pelo menos pensar no que deveria ser feito para acabar com isso. Para que passem de existir traficantes, crime organizado e que o frisson todo que gira em torno das drogas acabe.

Na televisão passam propagandas com o mesmo slogan: "Vida sim, drogas não", e os pais sempre preocupados em alertar seus filhos sobre os males das drogas. Claro, não que seja o contrário, mas será que esse é o caminho? Na verdade estamos educando nossos jovens, e ainda toda a sociedade baseado no medo. "Se você usar drogas, poderá ser preso, vai virar mais um viciado, poderá morrer..." - ainda que tudo o que foi dito seja verdade, o que está sendo feito nada mais é do que estar colocando condições para que o jovem não use drogas. Mas quando o mesmo sair para uma festa qualquer e alguém lhe oferecer algo, não hesitará em experimentar. Quando proibimos alguém - no caso toda um sociedade - de fazer algo, na maioria das vezes o proibido se torna desejado, ainda que inconscientemente. Se legalizarmos, colocarmos todas as drogas ilícitas para vender em farmácias, o que antes era desejado se tornará comum assim como o cigarro que é vendido em qualquer boteco e para qualquer um - mesmo você sendo menor de idade. E ainda, temos que pensar que, todo indivíduo dono de suas faculdades mentais, capaz de elaborar opiniões, pode decidir o que deve fazer com sua vida. Se ele quer usar drogas, use. A vida é sua, faça dela o que quiser. Você é o responsável por suas vitórias assim como é responsável por suas desgraças.

Deixando as drogas serem vendidas como as outras drogas, que não deixam de serem perigosas, tudo passará a ser tratado como uma questão de escolha, e o tráfico não terá razão para existir, as favelas - que são onde o crime alimentado pelo tráfico na maioria das vezes se concentra - deixarão de ser tratadas como um lugar perigoso, pois não haverá mais razão de existir o tráfico. Agora o tráfico será feito, pertinho da sua casa, na farmácia mais próxima.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Lá se vão as flores e as florestas


Mas que lindas flores são estas?

Que lindas flores são estas?

Que lindas flores estas?

Que lindas florestas!

Que florestas?!

Brennah Enolah

terça-feira, 25 de março de 2008

Declarações de um devaneio; conclusões de um despertar


Eu adoro o narcisismo.
Olhar para minha face
Descorada, acabada,
Contemplando minha decadência.


Eu adoro a fantasia,
Adoro o sonho.
A realidade castiga minha alma,
Assim como eu também a castigo.

Eu adoro a mediocridade,
De sentir por um momento ser superior.
Adoro as pessoas
E a necessidade de se distanciarem

Eventualmente adoro a mim mesma
De uma maneira egoísta.
Adoro a solidão, o vazio existencial.
O quarto escuro da minha alma.

Ao acordar de meus devaneios
Sinto meu coração apertado,
Com meus sentimentos esmagados,
De uma coração que sofre sem razão.

Minhas divagações são meu alento,
Minha fuga desse mundo indolente.
A realidade é minha carrasca,
Recordando que vivo nesse mundo torpe e doente.

Brennah Enolah

sexta-feira, 21 de março de 2008

Liberte-se


Quando alguém diz:"Essa roupa não está legal...", eu normalmente não dou importância. Quando o mesmo alguém diz novamente que essa roupa não está legal, e ainda diz que estou ridícula, também não dou importância. Deveria? Se deveria ou não dar importância, não sei. A única coisa que realmente sei é que não me importo com a opinião alheia, desde que esta esteja de acordo com a minha, em se tratando de roupa, é claro.

Quando alguém diz - pode ser o mesmo alguém, se preferir - que a música que escuto é um lixo, dependendo do alguém, mando a pessoa para um lugar não muito agradável. E qual a razão de eu fazer isso? É simples! Para mim basta a minha opinião. Posso ser chamada de teimosa, de desagradável, enfim, posso ser odiada, mas não abro mão da minha personalidade.

Resumindo, não sou eu quem está errada na história, mas sim o alguém. Esse alguém quando vê uma consultora de moda no fantástico, corre para aprender a se vestir bem; dá importância ao que uma mulher desconhecida fala sobre moda, sem se importar com o que gosta de vestir. Se a consultora diz que está na moda usar meia verde abacate pendurada na orelha, combinando com uma blusa de tricô abóbora, e ainda usar aqueles termos para justificar a aberração, como: "Isso torna o look desconectado", no dia seguinte acabam-se os estoques de meias verde abacates e blusas de tricô abóbora. E ninguém tem coragem de dizer, mesmo que baixinho, que isso é ridículo.

Quem quer que esteja lendo isso - eu espero que tenha alguma alma caridosa - pode achar que eu estou fazendo uma autopropaganda, mas não. Estou sim, clamando para que as pessoas sejam menos dependentes da opinião alheia e passem a andar com as próprias pernas. O fantástico é exibido somente aos domingos, então no decorrer da semana as pessoas não sairão de casa. São inseguras ao ponto de comprar o que lhes são sugeridos. Não têm vontade própria, criatividade de poder vestir-se da maneira com que desejar.

Mas fugindo um pouco do assunto moda, falemos então de música. Gosto - graças à Grande Mãe - não se discute. Existem mesmo muitos estilos de música, e não citarei nenhum, pois me limitarei ao Metal nosso de cada dia. Porém existem certos estilos que surgem na vida da pessoa justamente quando esta está na faculdade. "Oh, como a cultura demorou para entrar em minha vida... como pude viver sem o Caetano, Gil, sem os barezinhos com a rapaziada do curso de biblioteconomia. Isso sim é vida: beber vinho tinto, ouvir Mpb ..."

Isso definitivamente é horrendo. Barezinhos, mpb, vinho tinto - nada contra o vinho - o que fizeram com você rapaz! Realmente parece que quando começam a freqüentar a faculdade, o vírus da cultura elitizada invade o organismo saudável de um estudante. E qual a razão? "É chic".

Claro, a generalização aqui é feita somente para que o trabalho de redigir não seja penoso. Você aí, que está passeando por esse blog empoeirado, que se encaixa no perfil acima descrito, dou-lhe um conselho: Caro colega, liberte-se.

quarta-feira, 19 de março de 2008

O Primeiro Dia de Aula - do Cursinho


Como é deprimente os primeiros dias de aula. Você esperando que seja algo diferente, mas só encontra pessoas medíocres. Não que você seja superior, mas por pior que possa parecer, você acaba encontrando pessoas piores.


Não estou falando dos primeiros dias de aula do colégio, aqueles que você espera com tanta ansiedade, esta que acaba logo no segundo dia. Estou falando do primeiro dia de aula do cursinho. Quando você já acabou o ensino médio e tem que apelar para o cursinho. Intuitivamente, você pensa que as pessoas que vão ao cursinho são mais responsáveis, mais adultas – porque quem faz cursinho, conseqüentemente pensa em prestar um vestibular – porém o que encontra são pseudo-estudantes.


Os pseudo-estudantes estão rodeando-o com suas conversas vazias em plena aula de matemática – justo a matéria que você menos gosta, e por isso mesmo tem que prestar o máximo de atenção – dão risadas sobre o que aconteceu na novela das oito, discutem efusivamente sobre o Big Brother, e ainda falam sobre calças, sapatos e outras coisas que não cabiam naquela ocasião.

Mas o pior ainda está por vir. O trunfo do pseudo-estudante está nas críticas que faz ao professor – na aula dele – assim pensando que com essas críticas que, novamente não cabem, possam diminuir o professor em plena aula. Às vezes funciona, mas infelizmente você precisa da aula para poder ter uma noção, ainda que basiquíssima, sobre a matéria, porém tem que dividir a atenção dos seus ouvidos com a aula propriamente dita, e com as críticas dos Jabores ao seu redor.


Aí você se pergunta: “Porque eu?”. É isso mesmo, você foi o premiado. Você que detesta estudar, mas o faz porque precisa; você que tem plena consciência de que está ali por livre e espontânea pressão de você mesmo – pelo fato de não ter passado no vestibular passado e prometido, num daqueles balanços de fim de ano, de que estudaria de verdade – você que preferiria estar lendo Júlio Verne foi o premiado com um pacote fechado de bestas raivosas ao seu redor. Sem direito a devolução e troca.


A vida é cruel amigo, mas com essas crueldades você acaba por tirar proveito disso. Então você tem uma idéia, aliás, uma boa idéia. Liga o computador, abre o Word e começa a escrever sobre o seu primeiro dia de aula. Do cursinho.

Brennah Enolah

quarta-feira, 12 de março de 2008

Os Girassóis



- O que a senhora faz? - perguntou-lhe o médico.
- Eu tenho uma plantação de girassóis.

Com os dedos batendo sobre a mesa e com uma expressão pensativa, o doutor tentava entender o que sua paciente tinha. Rose era bonita, mas o tempo já havia deixado marcas em seu rosto que agora já se tornara flácido e com rugas. Ela morava sozinha, mas de uns tempos para cá, Rose já não podia mais ficar só. Fora mandada para o médico pela sua amiga, Marie, que não agüentava mais vê-la daquele jeito.

Rose, que não sabia de nada, estava inquieta. Queria saber o motivo de estar em um consultório psiquiátrico. Era normal, fazia seus afazeres como de costume e não perturbava ninguém. Adorava seus girassóis e dedicava todo o seu tempo a eles, pois era sua única ocupação. O médico ainda insistiu e fez mais algumas perguntas.

- Tudo bem, madame Rose, mais algumas perguntas - e tomando fôlego prosseguiu - A senhora tem uma rotina de vida normal? Dorme regularmente?

- Sim doutor, sou uma pessoa normal. Não entendo o motivo pelo qual estou aqui. A minha única ocupação são meus girassóis. Cuido deles como se fossem meus filhos! - enquanto a senhora falava, o doutor começava a entender o motivo da sua vinda.

- Mas é claro - pensava consigo mesmo - ela deve dedicar-se totalmente aos girassóis e esquecer de si mesma. Dever ter uma obsessão.

Então, depois de ouví-la, o doutor pediu que fosse para casa e que no dia seguinte iria visitá-la para que pudessem conversar melhor. Inicialmente Rose resistiu à visita, alegando desnecessária, mas o doutor insistiu dizendo que só queria ajudá-la. Rose entendeu, ainda que relutante. Ao chegar em casa, correu para sua plantação de girassóis, e com os olhos rasos d'água, disse baixinho.

- Oh, meus queridos! Estou de volta! - foi rapidamente pegar o regador. Sua amiga, que queria saber como foi a consulta, ao ver Rose no jardim correu para fazer-lhe uma visita. Ao olhar aquela cena, Marie não conseguiu conter o desapontamento.

- Rose, por favor, pare com isso! Não vê que não pode mais continuar assim? - mas ela não escutava, estava surda e a única coisa que dizia era: "Olá meus filhos! Meu girassóis queridos!".

Marie não suportava ver sua amiga naquela situação. Cortava-lhe o coração quando via aquela cena deprimente. Rose não era assim, mas deixou-se dominar. Esqueceu de tudo, até mesmo de si e somente dedicava-se àqueles girassóis. Não podia mais viver assim, não podia deixar que continuasse a viver assim. Correu para sua casa e chamou o médico.

- Doutor, peço que venha imediatamente. Rose precisa de ajuda! - mas ele não entendia o pavor de Marie. Para ele era somente uma obsessão que seria facilmente tratada. E o pânico que demonstrava não era compreensível.

- Mas minha senhora, sua amiga está bem, não há com o que se preocupar! É somente uma obsessão, cuja cura é fácil - mas Marie não descansou e insistiu.

- Doutor, por favor eu peço que venha rápido!

Marie não se conformara com a vida que sua amiga estava levando. Já havia ido longe demais, e somente um tratamento realmente forte poderia curá-la. Não demorou muito para que o médico chegasse. Ao olhar de longe, viu Rose com uma regador em mãos e cantarolando para seus girassóis. Marie veio de encontro a ele, e mostrou-lhe os girassóis de Rose. Ao olhar para aquela deprimente cena, de uma mulher cantarolando enquanto regava um grande gramado, colocou as mãos na cabeça, pasmo. Percorreu todo o jardim com os olhos e nenhuma pista dos girassóis. Era um gramado nu, sem flores nem frutos. Os girassóis, somente Rose via.

Brennah Enolah

domingo, 9 de março de 2008

A Virada


O luar estava diferente, envolvendo tudo com uma atmosfera nebulosa e tristonha. Sempre pensativo, Augusto costumava caminhar de madrugada pera pensar na vida, tentando com isso mudar sua existência. A vida, para ele, tem sido muito dura, e não sabia porque era tão castigado assim. Não merecia a crueldade com que era tratado pela vida, pois mesmo assim não reclamava da sua condição. Aceitava os fatos, simplesmente porque não podia mudá-los.

Entretanto estava pensando em como mudar tudo isso, para libertar-se de tanto sofrimento e poder enfim viver normalmente. Não era pouca sua desgraça, há dois dias perdera a mãe, vítima de um acidente de carro - causado pela sua distração - era explorado em seu trabalho, não tinha amigos, não tinha mulher, não tinha esperança. Até mesmo a sua esperança o abandonou. Se morresse ninguém daria sua falta. Se insistisse em viver, era indiferente. Sua única companhia era o seu diário onde registrava todos os dias os fatos de sua infelicidade permanente.

Um dia, ao dirigir-se ao trabalho, um mendigo atravessou a rua e veio em sua direção. Logo que o mesmo se aproximou, tentou defender-se como se já esperasse a bofetada. Mas num gesto humano e misericordioso, o pobre mendigo consolou-o como se soubesse da sua desgraça.

- Não há necessidade de temor, pobre amigo. Se a vida o castiga tente perceber o motivo pelo qual sofre, pois nenhum castigo é dado de graça - e olhando totalmente atônito para o mendigo, Augusto perguntou-lhe com uma impaciência exagerada.

- Como pode dar-me conselhos? Como pode saber do meu sofrimento, um pessoa como você, que mal sabe da sua vida? - e com um gesto desdenhoso disse - Olhe para você, o único que deveria ser chamado de pobre é o senhor e por favor, deixe de atormentar as pessoas com suas palavras encharcadas da sua eventual bebedeira, pois para dizer tais tolices, somente deve estar bêbado.

Numa última tentativa de poder ajudar, o mendigo olhou para Augusto e disse como se fosse um profeta.

- Você, meu rapaz, mal sabe a razão do seu sofrimento. Chama-me de pobre, mas é tão pobre ou mais que eu, sendo que mal consegue dominar a própria vida. Eu sou pobre, não tenho o que comer, mas domino a minha vida - e continuando com um tom de total segurança - e se estou aqui hoje, nessas condições é por minha culpa. Quem domina a própria vida, pode atrair alegrias e até mesmo, as desgraças - e saiu sem rumo, como sempre o fizera.

Augusto não sabia o que dizer, o que fazer. Aquele miserável dissera-lhe o que jamais alguém lhe disse, e pior ainda, acertou em cheio. Augusto era fraco, não sabia tomar decisões, não conseguia domar sua própria existência deixando-se levar como um barco à deriva. Onde o destino o colocasse, ou o que pudesse fazer com o curso de sua vida não era de seu interesse. Vivia pelo simples fato de existir como matéria, porém não pensava, não tinha capacidade de decisão. Era uma marionete em que todos pudessem movimentá-la e manipulá-la. Ainda um pouco assustado deu-se conta de que já estava atrasado para o trabalho e teve de correr para chegar logo. No caminho fora pensando sobre o que acabara de ouvir, como se aquelas palavras revirassem todo o seu eu.

Chegando ao trabalho tentou passar despercebido para que ninguém desse conta de que estava chegando atrasado, mas ao chegar em sua mesa foi surpreendido pelo seu chefe que com toda a sua arrogância repreendeu-o pelo seu atraso.

- Mas você, Sr. Augusto, não consegue se quer chegar pontualmente! O que acha que é? Alguém que pode fazer o que bem entende de seus horários? Acha que aqui não tem que dar satisfações?
Você mais uma vez mostrou que além de fraco é um incapaz! - enquanto seu chefe gritava insultos contra ele, olhou ao redor e percebeu que todos pararam os seus afazeres para rir. Riam dele, outros até concordavam com os insultos e gritavam: "O Augusto é mesmo um fraco!" e riam como se estivessem assistindo a uma comédia. Num instante tudo o que ouvira do mendigo voltou à sua mente como um filme, e de repente olhou bem para o seu chefe e numa explosão de raiva pegou a tesoura que estava em cima da mesa e começou a agredi-lo enquanto gritava.

- Quem é o fraco agora! Quem é o incapaz! - estava louco, totalmente descontrolado de ódio. Todo o ódio reprimido há anos fora descarregado contra o seu chefe, que agora agonizava no chão ensangüentado.

Todas as pessoas estavam pasmas, estáticas e assustadas. O riso anterior transformou-se em lágrimas, em desespero. Augusto, que estava todo sujo de sangue, olhou agora triunfante para a platéia do massacre.

†Brennah Enolah†

domingo, 24 de fevereiro de 2008

O Engano



- Até então estava vivendo um sonho - dizia a menina com o olhar radiante - mas acho que dele já acordei. Marie a olhava como se não entendesse o que ouvia, de repente mudara de humor e sua personalidade não fora mais a mesma. Estava desiludida, não acreditava no que antes a fazia feliz, tudo era passado. Embora as preocupações povoassem sua mente, não podia deixar de amá-la. "Ainda assim ela está diferente" - pensava consigo mesma. Ela tinha motivos para estar assim - seu pai falecera a alguns meses - mas seu comportamento mudou não pela morte do pai, não fora isso. Não sorria mais com tanta freqüência, perdera aquele brilho fascinante nos olhos. Estava pálida, não alimentava-se direito e costumava passar horas sozinha. No início não a incomodava. Achou que fosse uma fase e que logo passaria a ser como antes, mas no entanto piorava a cada dia. Chegou a pensar que estivesse possuída por algum espírito, mas descartou a hipótese quando viu sua pele toda marcada de hematomas. A partir daí não a deixava mais sozinha, sempre vigiava e começou a perguntar sobre suas amizades. Não tinha amigos. Sua única companhia era ela, Marie, que a criou desde pequena. Sua mãe morrera no parto, então seu pai a contratou para ser sua ama. Agora era mais do que uma ama, era sua única família.

Um dia, ao espiá-la pela fresta da porta, percebeu que estava chorando. Abriu a porta desesperada e perguntou-lhe:
- O que há minha pequena? Por que choras? - mas ela não respondia. Estava de cabeça baixa, olhando para o chão e chorando. Não queria falar, não queria preocupar Marie que insistiu:
- Anda criança, diga qual o motivo da tua aflição? Não vês que com o teu silêncio me deixas nervosa! - e então, vacilante ainda, revelou:
- Estou doente Marie, muito doente. Não sei o que é, não disse antes para não preocupar-lhe, e também porque sei que estamos miseráveis - e antes que pudesse terminar desmaiou.
Marie desesperada pegou a menina e correu para a casa do médico. Tinha sorte por ele ser amigo da família, pois caso contrário não teria condições de socorrê-la. O doutor mandou que entrassem logo e examinou-a. Seu rosto empalideceu e perdera até a voz. Tomou coragem e disse:
- Está mal, não sobreviverá. Sinto muito Marie, mas é a verdade. Providencie que receba os sacramentos e deixe que eu mesmo cuide do enterro - e sem conseguir disfarçar chorou sobre o corpo da menina. Marie estava desolada. Perderia sua única companheira, sua família. Ela era mais do que uma filha, era tudo o que tinha de mais precioso.

O padre chegou à noitinha. Ao sair lamentou pela menina. Marie passou a noite ao seu lado e pela manhã percebeu que já estava morta. A cidade toda compareceu - a cidade era pequena - e ouvia-se os lamentos por todos os cantos. Subitamente ouviu-se uma pessoa gritando, estava desesperada. Dizia que não podiam enterrar a menina, que ela não estava morta. A única explicação que dava era:"São os espíritos! Os espíritos tomaram conta da pobre criança, não a enterrem, está ainda viva!" . Marie que não admitiu que alguém caçoasse da morte de sua filha, enxotou a louca para fora do cemitério. Ninguém ali duvidava que a menina de fato morrera, ainda mais pelo fato de aquela mulher ter sido internada no sanatório várias vezes. Sempre dizia bobagens, falava sozinha e não falava coisa com coisa.

O enterro durou uma hora mais ou menos, e todos foram para suas casas. Marie só fazia chorar. Não podia viver só, acostumara-se com a doce companhia de sua filha. Agora a casa estava vazia, maior e triste. Porém tinha que se conformar. A vida continua.

No dia seguinte, ao andar pelo cemitério, Marie percebeu que um dos túmulos estava revirado. Caiu em prantos e suicidou-se tamanho era o seu remorso.

†Brennah Enolah†

sábado, 23 de fevereiro de 2008

†Pensamento...


Será melhor fugir dessa loucura, ou permanecer lutando contra a insanidade? Será melhor vivermos entre os insensatos ou negar a própria existência, em prol da sanidade da própria alma?

Somente perguntas povoam minha mente, porém são perguntas que nunca saberei a resposta. Minha vã filosofia é pobre demais para que eu consiga achar meios de satisfazer minhas dúvidas...
... dúvidas sobre o mundo, sobre o ser humano. Essa raça prepotente que pensa ser superior a tudo, mas que ajoelha-se diante de um deus, que ninguém sabe que existe. Ajoelha-se diante do nada, diante de símbolos, e ainda diz ser superior.

Será tão frágil o ser humano que ele precisa crer em algo maior que ele? Precisa crer, precisa acreditar que alguém olha por ele, que alguém o protege. Então, ainda assim, será alguém capaz de dizer, de afirmar, que o ser humano é superior? É invencível?

Tão invencível que precisa crer em uma fantasia, que sem essa fantasia sente-se vazio. Mesmo quem diz ser ateu, crê em algo. Ou nas leis da física, ou no nada. Mas tanto as leis da física como o nada lhe conferem algo, seja certeza, equilíbrio, chegando a conclusão de que, nenhum homem vive sem crenças. Ele precisa de algo para crer, para fazer dele um ser completo, porque ele mesmo não se preenche, não se basta. O homem é o ser mais patético que já conheci, portanto, sou patética.