- Vamos imaginar que estamos num lugar onde vemos ovelhas pastarem e beija-flores passeando pelas rosas lascivas, sedentas do beijo do pequeno amante. O céu está tristemente azul, as nuvens cansadas, passeiam pelo céu vagarosamente, como numa marcha fúnebre. Os animais todos calmos, mas uma calma melancólica, que torna a atmosfera lenta.
O lago estaria como um espelho imóvel se não fossem os patos a riscarem o espelho com seu rastro suave. As árvores todas silenciosas, mal balançam seus galhos, pois o vento também está preguiçoso.
- O que faremos diante dessa cena tão mórbida? - pergunta Clara a Augusto, que a olha ternamente. Ele então acaricia seu rosto e diz suavemente.
- Clara querida, vamos andar pela relva, molhar os pés nas calmas águas do lago, alimentar os patos e apreciar a tristeza azul desse céu. Vamos caminhar como as nuvens, vagarosamente, porque não há pressa, meu bem. O tempo é nosso...
E Clara então levantou-se e puxou Augusto pelas mãos e disse: "Vamos", e começaram a caminhar pelas movimentadas e barulhentas ruas do centro de São Paulo.