domingo, 26 de abril de 2009

Vamos imaginar...

- Vamos imaginar que estamos num lugar onde vemos ovelhas pastarem e beija-flores passeando pelas rosas lascivas, sedentas do beijo do pequeno amante. O céu está tristemente azul, as nuvens cansadas, passeiam pelo céu vagarosamente, como numa marcha fúnebre. Os animais todos calmos, mas uma calma melancólica, que torna a atmosfera lenta.
O lago estaria como um espelho imóvel se não fossem os patos a riscarem o espelho com seu rastro suave. As árvores todas silenciosas, mal balançam seus galhos, pois o vento também está preguiçoso.

- O que faremos diante dessa cena tão mórbida? - pergunta Clara a Augusto, que a olha ternamente. Ele então acaricia seu rosto e diz suavemente.

- Clara querida, vamos andar pela relva, molhar os pés nas calmas águas do lago, alimentar os patos e apreciar a tristeza azul desse céu. Vamos caminhar como as nuvens, vagarosamente, porque não há pressa, meu bem. O tempo é nosso...

E Clara então levantou-se e puxou Augusto pelas mãos e disse: "Vamos", e começaram a caminhar pelas movimentadas e barulhentas ruas do centro de São Paulo.

O olhar fala silenciosamente o que não conseguiríamos dizer com nenhuma palavra. Os olhos são as línguas mudas da alma, que sussurram palavras às vezes doces, outras fatais. Porém os olhos falam, diferente das rosas, que o poeta confessou que não, não falam.