terça-feira, 19 de agosto de 2008

Agonia

Numa bela e quente manhã de inverno chegam os carrascos munidos com suas serras elétricas, seus machados, suas almas imundas e incoscientes. Nada posso fazer a não ser esperar... esperar que as machadadas sejam breves, que as serras sejam velozes, que a morte venha rápido.

A covardia alcança níveis incomparáveis, pois matar um ser completamente inerte que não pode se quer gemer de dor é a maior das covardias. Vejo meus braços, antes robustos e fortes, sendo carregados como entulhos para uma caçamba imunda de um carroção municipal. As folhas antes verdes, agora não passam de lixo que será varrido pela senhora numa atitude estúpida e alienada de se livrar da árvore que antes lhe dava sombra nos dias quentes.

Olho para mim, agora sou um toco, um pedaço do que antes era um imenso tronco que sustentava uma vida que agora é jogada no lixo por animais irracionais. Até mesmo o cão, inocente e impulsivo, quando urinava em meu tronco não era tão irracional quanto as serras e os machados administrados por paus-mandados de uma besta capitalista e sem escrúpulos, que quer transformar em deserto todas as ruas, praças, parques.

Um dia todos chorarão de arrependimento por cada árvore cortada, pois o caos não tardará. E espero que venha o quanto antes.