domingo, 7 de fevereiro de 2010

Resíduos



Andando pelo lago vejo um grupo de humanos se divertindo. Em bandos, afirmam sua existência com seus ruídos característicos, interferem na natureza jogando seus resíduos no gramado.
Olho para o lago e vejo duas garrafas de plástico boiando como barcos  à deriva. Mais tarde, vejo alguns humanos brincarem com as mesmas garrafas, como se fosse bolas, jogando para cima, rindo, gritando, vociferando como bestas alienadas. 

Ando mais um pouco, sento perto de uma barraquinha. Ao meu lado se encontrava mais um bando de humanos reunidos, agredindo a paisagem com sua instintiva necessidade de afirmarem sua virilidade, bebendo álcool e comendo cadáveres queimados numa churrasqueira improvisada. Ouviam uma pseudomúsica que falava somente sobre um mesmo assunto: o amor. 


Sim, eles acreditam que aquilo que eles conhecem seja mesmo esse tal de amor.

Saio de perto dos humanos, atravesso a rua e sento no gramado mais distante. Começo a pensar sobre a capacidade dos humanos de consumirem lixo cultural. Entendo o porquê após lembrar das duas garrafas boiando no lago. Uma era azul e a outra verde. Um colorido que nada ornamenta o local, mas que serve para entreter os humanos, que brincavam com o mesmo lixo que eles mesmo depositaram na água, com uma felicidade agressiva.

Definitivamente os humanos são resíduos de uma geração infeliz, que não satisfeitos produzem mais resíduos. E estes mesmos resíduos tornam-se lúdicos aos olhos dos pobres humanos.


- Olha, um jet ski! Que legal! - grita um dos humanos que antes se divertia com as garrafas plásticas.