quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Clamando à Chuva

Chuva lave minha alma podre, minha mente de pensamentos impuros e obscenos, meu corpo de malícia e promiscuidade. Leve embora essa culpa que me castiga, esse remorso inútil, esse sentimento de impotência e depreciação que faz de mim uma juíza cruel e irredutível, que diz todos os dias: "Não há alma que você possa fazer feliz nesse mundo".

Chuva leve embora esses restos mortais sepultados em meu peito, essa mortalha de reminicências e lembranças que já não vivem mais. Estão mortas, decompostas e enterradas num passado feliz embora conturbado e cheio de ressentimentos. Leve consigo esses hábitos de uma vida passada, onde tudo era clandestino e proibido, deixe minha mente livre desses sentimentos prisioneiros que se apossam de mim a todo momento.

Se nenhum desses desejos forem atendidos, Chuva me leve embora assim como você leva aquilo que não serve enxurrada abaixo. Com suas águas puras lave a terra de todo o mal, de tudo aquilo que é inútil e perigoso e aproveite para levar-me junto, pois somos da mesma laia, todos não prestamos e não podemos nada oferecer. Não deixe que eu viva com essa praga de sentimentos e fantasmas que me rondam sem cessar, que eu permaneça nessa condição miserável, com essa culpa que por mais que eu tente não consiga me livrar. Somente peço que, se meus pedidos não forem atendidos, Chuva me deixe pelo menos descansar.