sexta-feira, 23 de maio de 2008

Família: Bom com eles, melhor sem eles.


Quando Jesus estava sendo crucificado, eu estava lá atirando pedras, é claro. Então, ele olhou para mim e disse: "Você me paga!", e estou pagando mesmo. Estou pagando com uma família maravilhosa! Com pessoas que respeitam os outros, que não incomodam de propósito, que são amigas, etc. Pessoas tão especiais que todos os dias, ao acordar, eu me pergunto: "O que foi que eu fiz para merecer"?

Fora atirar pedras em J.C, nada. Devo estar pagando pelos próximos pecados. Acho que deve ser um consórcio: você paga os pelos pecados antes de cometê-los. Enfim, sendo consórcio ou não, o fato é que família, pelo menos a minha, é algo complicadíssimo. Dificílimo de se conviver por muito tempo sem ter vontade de cometer um suicídio. Nesse tipo de relacionamento, a insatisfação é garantida.

Dormir? O que é isso? Desculpem, mas não me recordo desse palavra dormir, é de comer? O meu sono virou algo supérfluo, não há a mínima necessidade de se respeitar o meu sono - já o dos outros não respeita para ver o que acontece. Se todos acordam às seis horas, você também acorda; se um não dormiu bem, por que você tem que dormir? O meu pai ronca no quarto ao lado, minha mãe não consegue dormir, e conseqüentemente todos não dormem. Ao acordar ela faz questão de exprimir a sua raiva por não ter dormido, acordando o resto - no caso eu - pois o sono dela não foi bom! O que o meu sono tem a ver com isso?!

Minha irmã mais velha - que tenho a infelicidade de conviver sob o mesmo teto e dividir o mesmo quarto - é alguém que supera todas as expectativas quando se trata de uma pessoa indesejável. Quando a palavra respeito foi ensinada na escola, ela faltou. Aos nove meses seu cérebro ainda não foi totalmente formado, mas fazer o que, teve que sair. Ela pensa que, só porque ela é uma solteirona, frustrada profissionalmente, todos - eu disse todos - têm que pagar por isso. Esse animalzinho tem muitas peculiaridades que vocês nem imaginam! Quer levar para casa? Estou doando.

Eu disse dormir no parágrafo acima, não? Pois bem, se um dia eu adquirir uma lesão no meu sistema nervoso central, a culpa é da minha irmã. Dormir é algo completamente impossível quando se divide o mesmo quarto com esse bicho. Você dorme de teimosia, porque você acredita que vai conseguir. Deu seis horas da manhã, o animal desperta. Abre a porta do quarto com tanta delicadeza, que só um orangotango conseguiria reproduzir. E parece que, ao abrir os olhos a boca também abre, e durante as 16 horas em que fica acordada, não consegue parar de falar.

A convivência é forçada, você não tem escolha. Ou explode de tanta raiva e corre o risco de fazer papel de idiota, ou agüenta tudo com uma paciência que só os monges franciscanos adquirem - acorda, engole seu mal-humor e tenta pensar que um dia tudo isso acabará, que você sairá de casa e poderá viver em paz. E também você poderá usar tudo isso ao seu favor, acordando P da vida, indo direto para o computador para desabafar a sua raiva escrevendo em seu blog.