sábado, 19 de dezembro de 2009

Hoje é um novo dia

É só a Rede Globo colocar aquela vinheta sem-vergonha de final de ano, que "as pessoas" realmente acreditam que "nossos sonhos serão verdade".

Hoje não é um novo dia, de um novo tempo que começou. Não há nada de novo, a não ser os milhares - ou  milhões - que passarão esse fim de ano sem ter o que comer, enquanto os pseudo-burgueses enchem a pança de peru, chester ou qualquer outro tipo de frango envenenado de anabolizantes.

Neste novo dia, as alegrias não serão de todos, mesmo porque uma pequeníssima parcela da população mundial conhece essa palavra - e muito menos no plural.

Os nossos sonhos, meu amigo, não serão verdade, e o futuro não começa no fim de cada ano.
O futuro é o amanhã; ontem já passou e hoje é o presente.

Portanto, a festa até pode ser sua, mas não conte que será nossa, e muito menos de quem quiser, quem vier.



FELIZ 2010!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

O Prazer

Oh prazer, não me deixes novamente sozinho.
Senti-lo para sempre,
Até o fim de minha existência,
É o que almejo - mas não consigo.

Não me iludas com essa falsa sensação
De ser perene, pois mesmo que saiba
Que tu és efêmero,
Sempre arriscarei tudo para ir ao teu encontro
Mesmo que seja passageiro,

Mesmo que seja fugaz

Mesmo que seja somente por um curto momento.

Prazer
Sensação de estabilidade nessa selva sem dono
Na qual estamos sós.
Não temos nada a que possamos
Pelo menos nos agarrar com uma fé cega
- a própria fé é ilusória.

Precisamos sempre saciar a fome
De nossa serpente, que nos come
As entranhas diariamente
E sem cessar.

E a cada vez que nos submetemos
À fúria da vontade, pensamos
Que chega ao fim...

Mas que fim se essa vontade
É aquilo que nos invade sem pedir,
Querendo tudo de nós,
Mesmo que não seja possível dar.

O impossível
Não existe para a constante
Sede de prazer da serpente.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Mentir para quê?

Mentir para quê se tudo o que você deseja esconder está completamente estampado em seu rosto?

Mentir para quê, quando a verdade brota independente dos obstáculos?

Mentir para quê?

Para quê esconder, disfarçar, dissimular, camuflar?

Não existe mais necessidade de ser hipócrita,

Não existe mais idiotas para serem enganados.

Existem aqueles que se deixam enganar.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Judith e as bolhas de sabão. Part. I

- Não jogue as bolhas de sabão na calçada, minha filha! - grita a mãe com Judith, que não entende o mal que as bolhas de sabão fariam à sólida camada de cimento a sua frete.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Mudanças

Você pode perceber que o layout está novo. Decidi fazer essa mudança porque eu mesma mudei no decorrer dos anos, e meu blog deve acompanhar essa mudança, afinal é por meio dele que posso expressar minhas idéias, o que penso ou deixo de pensar.

Não tenho mais aquele cabelo comprido, sinal de apego aos padrões. Ao corta-lo, recebi críticas muito duras,  pois "mulher tem que ter cabelo comprido" - gostaria de saber aonde está escrito isso.

Quando decidi mudar, as pessoas simplesmente não conseguiram digerir. Todos tem uma dificuldade extrema de lidar com as mudanças. Ao mudar você se torna para os outros uma nova pessoa. A representação que eles estavam acostumados não mais existe, e será preciso que esta nova representação seja armazenada no lugar da antiga. Será por isso que todos se assustam perante uma mudança?

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

O Homem Pós-Moderno Precisa de Muletas

Ainda que seja uma reflexão tardia de meu atual estado; mesmo que agora de nada mais adiante esta minha constatação; mesmo assim não consigo deixar de expor esta idéia.

Ela vem de alguns dias para cá - ou até mesmo do início de tudo - trazendo à tona angustiosas reflexões. E não consigo deixar de acreditar nela, mesmo que sinta algo que não me deixa segui-la. Pode ser que não deixe mais de viver sem essas muletas, que meu ser já está - pela sua deficiência adquirida pelo hábito - acostumado a usá-las e não se restabeleça.

Será mesmo que o homem dependa dessas muletas para sua existência ser plena, para que possa afirmar o seu, de forma que sem esses apoios não consiga?

O termo "muleta" é aqui usada para designar qualquer coisa que sirva ao homem de apoio; pode se entender por vício, ou um hábito, que mesmo que venha trazer prejuízos, o sujeito não se veja livre dele.

Contudo, o homem continua se afirmando como centro do universo, não se dando de sua fragilidade perante coisas tão vãs.

domingo, 12 de julho de 2009

Pensamentos

Fico pensando...

Será que existe mesmo bondade, amizade, felicidade? Ou são utopias criadas por mentes idiotamente otimistas?

E quando paro para pensar nisso, sou acometida por sentimentos contrários, que fazem com que desista de tentar. Tentar ser feliz, amiga, boa. Mesmo porque o mundo por si só destrói minhas ilusões, minha esperança no futuro, de construir algo pelo qual me motive a viver.

Quando olho para o espelho percebo um alguém completamente derrotado, sem expectativas, que não consegue mais acreditar. Que não consegue se abrir, que não deixa que as pessoas se aproximem. Às vezes penso que perdi a capacidade de acreditar. A capacidade de tentar, de pelo menos por um momento tentar ser feliz, ainda que feliz nunca me sinta.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

O motorista

Sentado em seu banco forrado com aquelas bolinhas de madeira - o que denuncia a sua cafonice, ou, para ser mais "respeitoso", o seu conservadorismo - vai o motorista pela estrada das suas frustrações.

A cada curva é como se encontrasse com seus sonhos não realizados, que deixa para trás assim como tudo o que gostaria de ser e não foi. Nunca será, na verdade, pelo simples fato de ser um homem obtuso, preso às suas bossalidades e cheio de recalques e verdades falidas, estas que estão loucas para sair, e qualquer motivo - não importa qual seja - é pretexto para soltá-las. Verdades acerca de seu trabalho, do sacrifício que faz todos os dias, da forma reta com que age com as pessoas - retidão que disfraça suas sinuosidades.

Assim vai o fracassado motorista, sentado em seu trono de frustrações e ressentimentos, que ele mesmo construiu com sua notável mediocridade. Não há como sentir se quer pena desse ser desprezível, já que escolheu ser assim, esse bossal mascarado de bom homem, que nada mais é do que uma estrada esburacada e cheia de curvas.

domingo, 26 de abril de 2009

Vamos imaginar...

- Vamos imaginar que estamos num lugar onde vemos ovelhas pastarem e beija-flores passeando pelas rosas lascivas, sedentas do beijo do pequeno amante. O céu está tristemente azul, as nuvens cansadas, passeiam pelo céu vagarosamente, como numa marcha fúnebre. Os animais todos calmos, mas uma calma melancólica, que torna a atmosfera lenta.
O lago estaria como um espelho imóvel se não fossem os patos a riscarem o espelho com seu rastro suave. As árvores todas silenciosas, mal balançam seus galhos, pois o vento também está preguiçoso.

- O que faremos diante dessa cena tão mórbida? - pergunta Clara a Augusto, que a olha ternamente. Ele então acaricia seu rosto e diz suavemente.

- Clara querida, vamos andar pela relva, molhar os pés nas calmas águas do lago, alimentar os patos e apreciar a tristeza azul desse céu. Vamos caminhar como as nuvens, vagarosamente, porque não há pressa, meu bem. O tempo é nosso...

E Clara então levantou-se e puxou Augusto pelas mãos e disse: "Vamos", e começaram a caminhar pelas movimentadas e barulhentas ruas do centro de São Paulo.

O olhar fala silenciosamente o que não conseguiríamos dizer com nenhuma palavra. Os olhos são as línguas mudas da alma, que sussurram palavras às vezes doces, outras fatais. Porém os olhos falam, diferente das rosas, que o poeta confessou que não, não falam.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Despertar de uma ilusão

Às vezes um tempo de silêncio e recolhimento sirva para muitas coisas. Sirva principalmente para você se dar conta que vive rodeada de sanguessugas, oportunistas que querem de todas as maneiras prejudicá-lo.

Isso não é nenhuma novidade, mas somente acordamos para isso quando passamos por um momento de interiorização.

Talvez seja completamente saudável que todos possam passar por esse momento algumas vezes na vida para acordar desse sonho imbecil de que tudo é cor-de-rosa, que a felicidade existe e que, quando morrer, anjinhos peladinhos irão ao seu encontro no céu.

Não meu bem, não existe céu, muito menos o mundo é cor-de-rosa; na verdade é cinza.