sábado, 4 de setembro de 2010

Hanimais Espalhados Pela Casa e Blues: Péssima Combinação

 Tanânanâ, tchâramraram, tanâ, tanâ (era mais ou menos isso que os orangotangos sabiam fazer, e detalhe, sempre e constantemente em lá maior. Pensem como foi erudito).

 No início tudo correu bem, pessoas conversando, música boa. Logo depois - e não sei quando exatamente - o ambiente foi impregnado com um cheiro de estrume: eram os hanimais que acabavam de chegar. De repente o que era uma sala de estar transformou-se num chiqueiro, e bestas se arrastavam de um lado para o outro, rugiam e se mostravam em pleno estado de hanimalidade.

 E o tanânanâ comia solto no curral - imagine blues feito por bestas, em lá maior? Pois é, foi isso o tempo todo, sem intervalos, o que deixaria Mozart estupefato - e acredito que até Tiririca ficaria estupefato com tamanha estupidez musical. O pior é que todo mundo estava gostando... confuso, não?

 O ápice da escrotice é quando você descobre que sua sala realmente é um chiqueiro, e que você não pode fazer nada, e tudo isso ao incansável som do quinteto Lá maior: tanânanâ, tchâramraram.

 No dia seguinte restam somente três coisas: a ressaca, pois só bebendo para conseguir suportar toda a palhaçada hanimal; a sujeira, pois hanimais que se presam transformam aquilo que antes era um lar em nada menos que um chiqueiro (e não se poupa nem uma privada inocente) e o ódio: ódio por não ter sido sincera e firme o suficiente para tocar o rebanho de bestas descerebradas porta a fora. 

 Da próxima, somente seres humanos e Blues de verdade... estou enjoada de cheiro de estrume.


 *Hanimal, hanimalidade: se chamasse de animal ofenderia os pobres bichinhos que não tem culpa de nada... então, decidi criar um termo que definisse a condição insana e ridícula do ser humano, sem recorrer ao título de animais.