segunda-feira, 31 de maio de 2010

Vendendo os Mestres!

Acredito que serei censurada... acabo de vender o mestre Aristóteles no sebo. Confesso que senti um aperto no peito, em vê-lo lá, neste frio, no balcão do sebo.
- Como pôdes fazer isso comigo, filha desnaturada? - disse o mestre, com voz embargada de quem se sente trocado pelo brilho ilusório de uma note de dez reais. Ainda mais hoje, um dia frio de uma segunda-feira, e o tio Aristóteles, sem cobertor, desamparado... 
Tive um ímpeto de abraçá-lo, e sair correndo, levando-o novamente para o conforto de minha prateleira, junto com Swift, Hemingway, Kundera e o sempre Casmurro, Machado. Mas o "capetalismo", infiel, frio e calculista não perdoa os mestres. 

- Oh Mestre dos Mestres, Aristóteles! Perdoe-me por essa heresia de minha parte, mas não poderei com sua Ética pagar a passagem do ônibus... Desculpe-me e adeus! - as lágrimas não tardaram em sair de meus olhos, mas não pude nada fazer a não ser engoli-las e ir embora, com o peito apertado.